Doença seletiva, só para deputados
Por Ariel Moreira Publicado 3 de abril de 2017 às 10:52

Estranho como a deputada Grazielle Machado (PR) falta ao trabalho da mesma forma como os funcionários incompetentes que utilizam das mais esfarrapadas desculpas para sua ausência.

Para quem tem fôlego suficiente para brigar no reduto eleitoral de sua família durante a campanha eleitoral, estranho que não tenha a mesma disposição para comparecer ao trabalho (?), ou melhor, fazer o plantão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, sempre embasada em atestados médicos que, dentro da precisão da medicina, têm sempre a duração de menos de 30 dias, para evitar que suplente assuma. Estranho mal-estar esse, com prazo determinado e intervalo de melhoras.

Com a incrível marca de “NADA” apresentado em termos de trabalho e “MUITO POUCO” em termos de comparecimento às sessões, Grazielle, cria direta de sangue e política de Londres Machado, reina absoluta sob a conivência dos comparsas do plenário. Não estranhem o termo comparsas, pois no limite de serem defenestrados pela população por meio do voto, os deputados estaduais buscam a segurança do imenso curral do “conselheiro mor” de todos os governadores dos últimos anos. Força que elege prefeitos em município do interior, mesa diretora da Assembleia, nomeia secretários, mantem uma extensa folha de pagamentos de servidores que passam o dia no bilhar do Velho do Rio, no mesmo município etc., etc.

A permanecer dessa forma, o presidente da Casa, Junior Mochi, que busca dar alguma transparência sendo barrado pela falta de informações sobre o comparecimentos às sessões, terá que dar explicações em relação ao trabalho de quem não comparece, ainda que deva dar parecer sobre diversos assuntos em tempos tão espinhudos e com a determinante função, ocupada pela deputada, de vice-presidente da Casa de Leis.

Nada estranho

As blindagens da Assembleia Legislativa, via Comissão de Constituição, Justiça e Redação, tanto em relação ao “imbróglio” de Paulo Corrêa e Felipe Orro, flagrados em conversas prá lá de suspeitas sobre aquela conhecida e negada folha de frequência que os servidores preenchem apenas nos últimos dias do mês – comum à função pública, e das quais foram inocentados em canetada do presidente da Corregedoria da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, deputado Maurício Picarelli “do Céu” (PMDB), quanto em relação às ausências da deputada Grazielle Machado (PR) que emagrece, emagrece, quase se tornando um fantasma, não são de estranhar para quem conhece a política.

O grupo é fechado, corporativista, até mais, demonstra compradio. Como supor que o grupo de sustentação de qualquer gestão no comando do Parque dos Poderes, Beto Pereira (presidente – PSDB), Renato Câmara (vice-presidente – PMDB), e tendo como membros Lídio Lopes (PEN), Pedro Kemp (PT) e Professor Rinaldo (PSDB), viesse a tomar atitudes mais drásticas em momento tão curto.

No horizonte que se apresenta como inconcebível e improvável para os pobres e mortais eleitores, uma coligação que reúna Reinaldo Azambuja (hoje nome forte da política sul-mato-grossense), André Pucinelli (ex-governador e driblando acusações judiciais mais do que Garrincha fazia com os “Joões”, José Orcírio Miranda dos Santos – o Zeca do PT (na geladeira de seu partido e rachado, na moita para não ser notado pela Justiça, jurando apoio direto a Reinaldo e indireto a André, na base do salve-se quem puder), qual deles realmente se arriscaria?

Acendendo uma vela para a “lista fechada”, que salvaria os carrapatos da política e impediria novas lideranças, e outra para a falta de memória do eleitorado, caminham sob as botas dos que mandaram e exigiam que obedecessem os que tivessem juízo.

La nave va, prima infine affondare

Numa tradução macarrônica, mas perfeitamente compreensível para oriundi, os deputados estaduais de Mato Grosso do Sul tentam, mas não conseguem, atingir a população com o seu quase satisfatório desempenho em suas funções.

Com os cofres esvaziados pelo fim do financiamento de empresas para as campanhas e o temor de repasses de caixa dois terão que contar com seu desempenho e seu currículo para angariar votos. O eleitor já percebeu que, lentamente, as coisas mudam nessa nossa jovem democracia que entra na sua quarta década ininterrupta de exercício quase pleno – o maior período de nossa história – e que não bastam promessas, pois quem vive delas é “santo”, termo bem, mas bem distante, do que foi o eleitor até hoje.

Previdência

Como todas as medidas são consideradas como amargas os efeitos da Reforma da Previdência deverão ser sentidas pelo funcionalismo público exatamente no primeiro semestre de 2018 quando já estará em andamento o processo eleitoral. Os governadores podem pagar caro por adotar medidas duras exatamente num ano em que terão que pedir o voto para o eleitor e os servidores públicos representam fatia muito importante desses votos.

Plano B

Já está nos planos Ricardo Ayache começar a sondar alternativas de partidos para viabilizar a sua candidatura ao Governo do estado pois não se sabe bem ao certo se, na última hora o PSB não irá se render aos encantos de permanecer a sombra do Governo.

Descontente

Pelas últimas declarações a imprensa, a paciência do Governador Reinaldo Azambuja com o Governo Temer já acabou. Ele tem até elevado o tom ao comentar medidas tomadas pelo planalto e uma delas é a mudança na proposta da previdência.

Definição

O prazo dado pelo PSDB para que o PMDB adote uma posição sobre a eleição de 2018 termina amanhã, Aquelas viagens e articulações que o ex-governador André Puccinelli tem feito pelo interior passarão a ser monitoradas e não toleradas.

Proteção

Os deputados peemedebistas devem cobrar do ex-governador André Puccinelli $condições$ para que possam disputar a eleição com candidatura própria. Em tempos de Lava-Jato fica difícil conseguir dinheiro de empresários. Então a sombra do governo é sempre mais confortável.