Decretada prisão de Joesley Batista e Ricardo Saud, da J&F
Por Redação Publicado 10 de setembro de 2017 às 08:20

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu atender ao pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e determinou a prisão dos empresários Joesley Batista e Ricardo Saud, do grupo J&F. Fontes da Polícia Federal informaram à reportagem do jornal O estado de São Paulo – Estadão – que, em tese, não há nada que impeça que as prisões aconteçam neste domingo (10). Os pedidos de prisão foram motivados pela descoberta de que os executivos da J&F omitiram informações sobre supostos crimes ao negociar sua delação premiada.

Gravação entregue na semana passada à Justiça pela própria defesa da J & F mostra Saud e Joesley conversando sobre uma suposta interferência de Miller para ajudar nas tratativas de delação premiada, o que seria ilegal. O ex-procurador ainda fazia parte do Ministério Público quando começou a conversar com os executivos, no final de fevereiro. Ele pediu exoneração da instituição no mesmo mês, mas a deixou de fato apenas em abril.

Em um dos áudios entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR), Joesley disse: “Eu não vou ser preso. O pessoal não vai, diretor não vai. Ninguém aqui vai ser preso. Não tem nenhuma chance”. Joesley Batista prestou depoimento na última quinta-feira. por cerca de três horas, na sede da Procuradoria-Geral da República, para explicar o conteúdo da gravação. Na ocasião, disse que não recebeu orientação do ex-procurador Miller para gravar o presidente Michel Temer. A gravação de uma conversa com Temer, em maio, foi o trunfo que Joesley usou para negociar sua delação com a Procuradoria-Geral da República e obter imunidade – benefício estendido a outros executivos do grupo.

O episódio mergulhou o governo Temer em sua prior crise, e motivou uma denúncia de corrupção contra o presidente. Saud e Marcelo Miller também tiveram de prestar esclarecimentos sobre a gravação que pode anular os benefícios da delação premiada. A prisão de Joesley e Saud foi defendida publicamente pelo ministro Luiz Fux, do STF, durante a sessão plenária da última quarta-feira. “Eu verifico que esse episódio revelou que esses partícipes do delito, que figuraram como colaboradores, eles ludibriaram o Ministério Público, eles degradaram a imagem do País no plano internacional, eles atentaram contra a dignidade da Justiça e eles revelaram a arrogância dos criminosos do colarinho-branco”, afirmou Fux.

O ministro acrescentou: “De sorte que eu deixo ao Ministério Público a opção de fazer com que esses participantes desta cadeia criminosa que confessaram diversas corrupções, que eles passassem do exílio nova-iorquino para o exílio da Papuda”, afirmou, fazendo referência ao complexo penitenciário no Distrito Federal. Temendo a ordem prisão, a defesa de Joesley e Saud pediu ao STF para ser ouvida por Fachin, antes da decisão do ministro.