A crônica de Campo Grande
Por André Farinha Publicado 26 de agosto de 2017 às 12:01

Não é preciso ir até Paris, na França, para tomar o melhor café do mundo na cafetaria ‘De La Paix’. Ora, basta andar pela (rua) Barão do Rio Branco que encontrará um ‘preto’ próximo da perfeição no modesto Bar do Zé ou na Pastelaria Dois Irmãos. Se sentir fome pode provar um ‘Cigarrete’, sempre presente nas vitrines das cantinas do velho centrão que, a propósito, tem cheiro de churros. É um pecado andar pelo quadrilátero sem se lambuzar com o doce.

Engana-se quem diz que não temos mar, basta sentar-se nos altos da Avenida Afonso Pena para observar o vai e vem de carros e pessoas numa constante semelhante às ondas do oceano. Pode não ser igual a praia de Kauna’oa Bay, no Havai (EUA), mas tem água de coco bem gelada, tem tereré trincando na bomba e as morenas que desfilam por aqui são as mais belas do planeta.

Para quem gosta de cenários mais urbanos, a Orla é um palco imenso de paisagismo que mescla a cultura pop da periferia com lugares históricos da cidade. Só quem já refez, a pé, o caminho da extinta Maria Fumaça sabe o que estou dizendo. Quando puderem, experimentem ir da Igreja São Francisco até o Camelódromo por onde passava a linha férrea, é uma aventura para exploradores.

 

Também não precisa ir até a África para estar próximo de animais selvagens. Caminhe pelo Parque das Nações Indígenas, Parque dos Poderes, pelo Lago do Amor, Parque do Prosa ou na Nascente do Segredo que tão logo encontrará uma variedade de pássaros que só existe aqui no Pantanal, capivaras passeando livremente, quatis, antas, jacarés, tartarugas… São muitas as espécies que habitam por aqui.

Tem ciclovia que rasga quase que toda a cidade; tem ruas imensas e travessas milimétricas; tem costureiros, sapateiros e alfaiates sobrevivendo ao tempo na Rua Rui Barbosa; tem o Horto Florestal, Lagoa Itatiaia, a Praça do Papa… Tem hippies transformando a Praça Ary Coelho em feira livre. …Um lugar para cada tribo. Tem gente de todos os cantos da Terra, andando livre, sem fronteiras. Tem Mangueira, Ypê, Jabuticabeira. A verdade é que tem de tudo nesta terra morena chamada Campo Grande.