
O corpo da ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, 66 anos, será velado neste sábado (4/2), no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), das 9h às 15h. Em seguida, haverá a cremação no Cemitério Jardim da Colina, em cerimônia reservada à família. Ela deixa quatro filhos, três dos quais com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de 10 dias internada no hospital Sírio-Libanês, dona Marisa morreu ontem, às 18h57, devido a complicação de um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico.
O presidente Michel Temer decretou luto de três dias pela morte de Marisa. O anúncio da morte da mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocorreu um dia após os médicos terem divulgado que ela não tinha mais atividade cerebral. Mas o fato de ter ausência de circulação de sangue no cérebro obriga os médicos a seguirem um protocolo internacional, com determinados procedimentos. Daí, a espera para a confirmação no dia seguinte. Por isso, ontem, por volta do meio-dia, foi realizada a primeira etapa do protocolo para confirmação da morte de dona Marisa.
A segunda etapa foi feita por volta das 18h, durante cerca de 30 minutos. Os médicos explicaram que tentaram estímulos para saber se partes do corpo respondiam, como, por exemplo, se os olhos abriam, se havia reação ao calor ou se ainda existia respiração. Como não obtiveram respostas, a equipe médica confirmou a morte da ex-primeira-dama.
Convivendo com um aneurisma (dilatação da artéria) por 10 anos, Marisa precisou ser internada quando a veia se rompeu, devido a uma crise hipertensiva. Chegou a ser levada ao hospital Assunção, em São Bernardo, mas, segundo parentes, ela teria relutado em ser atendida, o que fez o socorro demorar. Lula estava em evento na capital paulista e chegou ao Sírio-Libanês pouco antes das 15h, quando Marisa tinha acabado de dar entrada.
Perfil
Com ascendência italiana por parte do pai e da mãe, Marisa nasceu em 7 de abril de 1950 em São Bernardo do Campo (SP). De origem humilde, sua família morava em uma casa de pau-a-pique e chão batido. Começou a trabalhar aos 9 anos como babá, aos 13 tornou-se embaladora de bombons da fábrica Dulcora. Aos 21, casou-se com o motorista Marcos, que foi morto durante um assalto quando ela estava grávida de quatro meses do primeiro filho, Marcos Cláudio.
Em 1973, conheceu Lula, na época também viúvo, quando foi até o Sindicato dos Metalúrgicos buscar um carimbo para retirar sua pensão. No ano seguinte eles se casaram. Tiveram três filhos — Luis Cláudio, Fábio Luis e Sandro Luis — e ficaram juntos desde então.
Conhecida pelo “sangue quente”, dona Marisa era quem cuidava das finanças da casa e “quem mandava” no lar, segundo relatos do próprio ex-presidente. Avessa aos holofotes, ajudou na formação do PT. Responsável pelas fichas de inscrição da sigla na época, muitas vezes ela saía às ruas para cadastrar novos filiados, buscando convencê-los da importância de montar um partido dos trabalhadores.
Das campanhas eleitorais de Lula à Presidência, ela teve participação ativa, viajando ao lado do marido e até subindo nos palanques. Na jornada de 2002, quando o petista se elegeu pela primeira vez presidente do Brasil, ela ajudou Lula a melhorar sua imagem junto ao eleitorado feminino. Tornou-se, então, a primeira ex-babá a virar primeira-dama do país.
Repercussão
“Lamento profundamente o falecimento da senhora Marisa Letícia Lula da Silva hoje, em São Paulo. Neste momento de profunda dor e pesar na família do ex-presidente Lula, eu e Marcela transmitimos a ele, a seus filhos e aos demais familiares e amigos, as mais sinceras condolências” Michel Temer, presidente da República.
“A bancada do PSDB na Câmara dos Deputados manifesta seu profundo pesar pelo falecimento da ex-primeira-dama Marisa Letícia e presta sua solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a seus filhos, netos e amigos pela perda irreparável”, afirma
Ricardo Trípoli (SP), líder do PSDB na Câmara.
“Forte e serena, esteve presente em todos os momentos importantes da trajetória de Lula, das assembleias no ABC paulista aos comícios pelas Diretas Já, passando pelos dias em que Lula esteve arbitrariamente preso pela ditadura com base na lei de segurança nacional. Nas derrotas e vitórias eleitorais, lá estava Marisa, participando da história, acompanhando Lula, unindo política e afeto”: Rodrigo Rollemberg (PSB), governador do Distrito Federal. “Companheira, seu nome ficará no coração de nossa bandeira. E é sob essa bandeira que continuaremos a lutar pelo projeto de construção de um
novo Brasil”, afirma Rui Falcão, presidente nacional do PT.