A armadilha do Corinthians mais uma vez deu certo em um clássico do Campeonato Paulista. Neste domingo (16), no Morumbi, o time do Parque São Jorge se fechou e atraiu o São Paulo durante todo o confronto para vencer por 2 a 0, nos contra-ataques. Jô e Rodriguinho marcaram os gols da semifinal, colocando a equipe alvinegra bem perto da decisão estadual. O Tricolor saiu vaiado e chamado de “sem vergonha”.
A vantagem dá ao Corinthians o privilégio de perder por um gol no jogo de volta da semifinal, no próximo domingo (23), em Itaquera. Antes disso o time alvinegro recebe o Internacional pela Copa do Brasil, na quarta (19), precisando de um empate sem gols para avançar na competição. O São Paulo visita o Cruzeiro na mesma data e pela mesma competição, mas precisa tirar dois gols de vantagem para sobreviver no mata-mata.
Rodriguinho, o meio-campista vai de área a área e dá velocidade ao Corinthians mesmo sem ser velocista. Foi preciso no passe que deixou Jô na cara do gol para abrir o placar. Depois, recebeu bola banal na intermediária, carregou e mandou rasteiro, no cantinho. Defensivamente, Rodriguinho fez o básico e ainda ajudou um pouco na marcação de Cueva quando o peruano passou a jogar centralizado.
O São Paulo não ia mal no jogo até a entrada de Cícero, aos 18 minutos. É claro que o camisa 8 não pode ser culpado por todas as falhas da equipe, mas ele praticamente não contribuiu no meio-campo. Dias após fazer péssima partida pela Copa do Brasil, o meio-campista voltou a estar apagado e colaborando pouco. No primeiro gol corintiano, após chutão, ele deixa Rodriguinho completamente solto para dar a assistência. Na frente, Lucas Pratto também não acertou nada.
Jô é o nome dos clássicos disputados pelo Corinthians em 2017. O atacante marcou quatro gols em quatro jogos contra os rivais desde que retornou ao Parque São Jorge. O curioso é que o faro de artilheiro é aguçado justamente pela rivalidade, pois contra os demais adversários o aproveitamento do camisa 9 é ruim: dois gols em 15 jogos (0,13 por partida).
O plano tricolor parecia bem montado no início, quando a posse de bola era alta e a marcação em pressão comprimia a saída de jogo do rival. Tudo ia relativamente bem até Jô abrir o placar e escancarar que os espaços deixados pelo São Paulo não eram poucos. A marcação frouxa resultou no segundo gol adversário, e os ataques desorganizados não fizeram mais do que jogar bolas na área de maneira precipitada.
É inegável que a estratégia corintiana é perigosa, mas falta maior cuidado na armação dos contra-ataques. Foi esta a maior arma alvinegra, que rendeu dois gols, mas faltou maior apuro principalmente no segundo tempo. Foram muitos lançamentos errados que mataram uma série de contragolpes. Por outro lado, defensivamente a equipe é quase irrepreensível: sabe se fechar em linhas e obrigar o adversário a cruzar na área.
O ardiloso esquema de jogo alvinegro não é novidade, mas voltou a dar resultado em um clássico. O Corinthians de Carille parece acuado e inofensivo por vários minutos seguidos, até que dá o bote fatal e muda o placar. Foi este o esquema que rendeu o primeiro gol, de Jô, e o segundo, de Rodriguinho. Ambos saíram em momentos em que os visitantes mais se defendiam que atacavam.
Parte da torcida são-paulina pegou no pé do goleiro adversário durante boa parte do jogo. A cada tiro de meta cobrado por Cássio, o Morumbi ecoava o grito de “bicha”, que tem sido tão frequente nos estádios brasileiros. O corintiano ainda foi alvo de provocações por meio do nem tão criativo canto “Cássio, viado”. A perseguição em nada influenciou na atuação do goleiro, que foi decisivo com grandes defesas.
Local: Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 16 de abril de 2017, domingo
Horário: 19 horas (de Brasília)
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis e Miguel Caetano Ribeiro da Costa
Público: 45.366
Renda: R$ 1.448.769,00
Cartão Amarelo: Luiz Araújo e Jucilei (São Paulo); Romero, Pablo e Maycon (Corinthians)
Gols: CORINTHIANS: Jô, aos 20 minutos do 1º tempo e Rodriguinho, aos 47 minutos do 1º tempo
SÃO PAULO: Renan Ribeiro; Araruna (Thomaz), Maicon, Rodrigo Caio e Junior Tavares; Jucilei, Thiago Mendes e Cueva; Wellington Nem (Cícero), Luiz Araújo (Gilberto) e Lucas Pratto
Técnico: Rogério Ceni
CORINTHIANS: Cássio; Fagner, Balbuena, Pablo e Guilherme Arana; Gabriel, Maycon, Jadson (Clayton), Rodriguinho (Camacho) e Romero; Jô
Técnico: Fábio Carille