
A possibilidade de que o Brasil aceita a importação de café novamente voltou a pauta da cadeia produtiva nacional
Desta vez, em decorrência da falta de café conilon para abastecer a indústria brasileira de café. Em seu último Balanço Semanal, do dia 18 de novembro, o Conselho Nacional do Café (CNC) afirmou que em reunião no dia 20 de outubro, “representantes do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e de um parlamentar da base aliada do Governo Federal sugerindo a importação emergencial de café, obtendo a sinalização favorável do ministro da Agricultura, Blairo Maggi”.
Diante deste cenário, o CNC afirma que o setor de produção, representado também pela Comissão Nacional do Café da CNA, tem se reunido constantemente com as lideranças da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) para tratar da matéria.
Veja, abaixo, o posicionamento do CNC sobre a questão, divulgado em seu Balanço e assinado por Silas Brasileiro, presidente executivo da entidade:
“Somos reticentes quanto à importação do café verde em regime de drawback – voltado ao beneficiamento e posterior exportação – e aos impactos que a operação poderá ocasionar aos produtores brasileiros. Nosso intuito, nesse cenário de debates, é evitar medidas surpreendentes e tomadas à revelia do consenso do setor privado.
Recordamos que a matéria foi tratada pela produção em reunião conjunta da Comissão Nacional do Café da CNA e do CNC, no dia 10 de novembro, em Belo Horizonte (MG) e, mais recentemente, na última quarta-feira, 16 de novembro, na sede do CNC, em Brasília (DF). Temos ciência da falta pontual de café conilon ao setor industrial, devido à seca que se prolongou no Espírito Santo por mais de dois anos, reduzindo a produção capixaba, e ouvimos seus representantes, que se comprometeram a elaborar uma proposta às lideranças da produção para que analisemos suas considerações e sugestões e possamos nos posicionar oficialmente.
Também temos feito contatos com o Governo Federal demonstrando nossa preocupação com a possibilidade de perda de competitividade da indústria brasileira e, consequentemente, de market share do Brasil no segmento industrial mundial. Porém, reiteramos que não seremos favoráveis a decisões unilaterais e adotadas à revelia do consenso da cadeia produtiva, que tem intensificado sua sinergia ao longo dos últimos anos.
No que diz respeito ao segmento industrial de torrefação e moagem, alertamos aos seus representantes que se trabalhe a ideia de alteração do blend, ampliando o percentual de arábica na mistura. Em relação ao solúvel, que utiliza 80% de robusta na composição de seus produtos e cuja substituição pelo arábica é inviável em função do baixo rendimento dessa variedade na extração de sólidos solúveis e carboidratos, concordamos em ouvir os argumentos e proposições para, após debatermos com nossos associados, adotarmos uma postura.
Tanto o CNC, quanto a Comissão Nacional do Café da CNA, são, por essência, representantes da produção brasileira de café, mas a abertura para o debate saudável junto aos industriais se faz necessária porque, há tempos, a cadeia produtiva precisa se fortalecer como um todo para que todos os elos possam encontrar os melhores caminhos rumo à rentabilidade coletiva, consolidando o Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, também como um grande exportador de produto com valor agregado, já que também encabeçamos o ranking global de colheita e embarques de solúvel, além de alcançarmos resultados excelentes com as remessas de cafés diferenciados e especiais ao exterior”.
Fonte: Portal do Agronegócios