Ceitec pretende faturar R$ 100 milhões com chips para carros e passaporte
Por Redação Publicado 6 de fevereiro de 2017 às 09:34

Empresa planeja a participação nos programas Cidades Inteligentes, Registro Civil Nacional e no Sistema de Identificação Automática de Veículos

O Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) quer atingir em três anos faturamento superior a R$ 100 milhões por ano com a produção de chips para logística, passaporte e identificação pessoal, veicular e de animais.

Para alcançar esse objetivo, a empresa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações pretende participar de políticas públicas do governo, como o programa Cidades Inteligentes, o Registro Civil Nacional e o Sistema de Identificação Automática de Veículos (Siniav), além da produção dos passaportes brasileiros. Hoje, a empresa atende somente empresas privadas e quer expandir os negócios.

“Desde o segundo semestre do ano passado a gente tem feito uma série de contatos institucionais para mudar um pouco essa realidade. Fizemos contato com a Casa da Moeda e agora vamos retomar a questão de homologação do passaporte. Estamos em contato com o Exército, o Inmetro, ANTT, governos estaduais e até com concessionárias de rodovias. O objetivo é tentar desenhar uma solução para que a gente comece a exercer esse potencial de venda no mercado público, que é muito grande. A previsão é que em aproximadamente três anos a Ceitec arrecade com esse mercado de chips mais de R$ 100 milhões por ano”, destacou o presidente da Ceitec, Paulo de Tarso Luna.

Ele explicou que a ideia de começar a produção de chips foi uma decisão estratégica para inserir o país na produção de semicondutores. “O Brasil era o único país do Brics que não tinha essa capacidade. Nós somos altamente deficitários na área de chips, somos grandes importadores. Além disso, trata-se de uma tecnologia habilitadora para uma série de outras tecnologias. Então, a partir do domínio da produção do chip você acaba estimulando uma série de modelos de negócio que são portadores de futuro, como no caso das Cidades Inteligentes e da Internet das Coisas, tecnologias que têm na sua base os chips”, disse.

Segundo o presidente da Ceitec, hoje, a empresa tem tecnologias que permitem a produção de chips de várias dimensões. “A Ceitec tem um parque fabril que trabalha com tecnologia de 600 nanômetros, mas a gente tem desenvolvido chip para mercado com outras tecnologias. O chip do passaporte que a Ceitec desenvolveu, por exemplo, é de 180 nanômetros. Hoje, estamos habilitados a projetar e desenvolver chips basicamente com todas as tecnologias de mercado”, observou.

A empresa pública, que fatura R$ 5 milhões por ano, consegue produzir atualmente em torno de 7 milhões de chips por mês. Já foram vendidos até agora 46 milhões de unidades, que são utilizadas para acompanhar itens na produção. No caso do chip do passaporte, que é um pouco mais complexo, a empresa pode produzir 300 mil unidades por mês. “Para os chips de menores dimensões, uma parte é fabricada fora do país, como na Malásia. O projeto é feito aqui, a fabricação é feita fora e a finalização da fabricação é feita aqui, o que inclui toda a parte de teste, afinamento, inicialização de cada chip, verificação de qualidade e corte do chip no silício”, esclareceu.

Registro Nacional

Luna afirmou ainda que a Ceitec investiu bastante nos últimos anos para chegar num nível alto de qualidade dos chips de identificação e vai participar do processo de discussão do Registro Nacional Civil, que também prevê a utilização de biometria, assim como no passaporte brasileiro. O projeto de lei que cria o documento tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados. Ele informou que nas próximas semanas entrará em contato com o Tribunal Superior Eleitoral para apresentar as competências da Ceitec, pois o órgão vai fornecer a sua base biométrica para o registro nacional.

Um dos chips produzidos pela empresa pública, que poderá ser usado nos passaportes brasileiros, recebeu recentemente o certificado de segurança internacional “Commom Criteria”, após passar por uma avaliação rigorosa dos seus mecanismos contra ataques. A demanda surgiu da Casa da Moeda, e o chip foi desenvolvido em quatro anos. Ele funciona da seguinte maneira: a Polícia Federal capta os dados do cidadão e envia para Casa da Moeda, que faz a sua personalização. Esse chip pode gerar em torno de R$ 15 milhões por ano para Ceitec, no segundo ano de implantação. Agora, o Ceitec está em negociação com os ministérios das Relações Exteriores, Justiça e Fazenda para implantar o chip nos passaportes brasileiros, que hoje utiliza um chip produzido fora do país.

O Ceitec também vai tentar implantar os chips de identificação de veículos no projeto do governo que institui o Sistema de Identificação Automática de Veículos (Siniav). Ele ainda não está sendo utilizado nos carros brasileiros por falta de regulamentação. Esse chip é fixado no para-brisa e inibe roubos e furtos, facilita a fiscalização pelos órgãos de trânsito e permite o monitoramento de itinerários, o controle de estacionamento e a cobrança de pedágio.

Fonte: Idgnow.