
Líder do DEM cobra celeridade da Justiça para dar respostas das investigações da Lava-Jato
BRASÍLIA – Num posicionamento inusitado, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse nesta terça-feira que o presidente Michel Temer tem que “balizar” esse momento de crise institucional e que em certas situações os governantes podem fazer um “gesto maior” de abrir mão de seu mandato. Caiado disse que não se deve ter medo da antecipação da eleição presidencial. Também nesta terça-feira, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), defendeu a renúncia do presidente e a antecipação da eleição presidencial de 2018.
— Podemos chegar ao último fato, que é, para preservar a democracia, ter um gesto maior de poder e mostrar que ninguém governa sem apoio popular. E nessa hora não podemos ter medo de uma antecipação do processo eleitoral — disse Caiado.
Perguntado se estava defendendo a renúncia de Temer, Caiado disse que o presidente saberá avaliar a situação.
— Ele saberá balizar esse momento. Mas ele deve ter a sensibilidade que não teve a presidente Dilma. Não é provocar as ruas, insistir numa tese que não vai sobreviver. Ele precisa ter noção daquilo que está sendo feito pelo governo e como está sendo aceito pela população.
— A situação que herdamos do PT não tem tratamento que não seja amargo e doloroso. Mas, para isso, a pessoa tem que ter condição de dizer isso à sociedade. Não é renúncia de ordem pessoal, é um gesto maior, essa situação já vimos no governo anterior — disse Caiado.
Ele disse que estava fazendo uma análise global.
— Essa gravidade nos impõe gestos de coragem e de humildade. Primeiro, porque todo cidadão tem que entender que mandato político não é direito de propriedade. E você deve estar sempre disposto a abrir mão da condição do seu mandato para poder ser auferido pela sociedade brasileira se quer reconduzi-lo. Existem momentos onde você é obrigado a ter gestos maiores para não colocar em risco a democracia brasileira e nem a ordem — disse Caiado.
O líder do DEM disse que a Justiça precisa ser “célere” para dar respostas sobre as investigações da Lava-Jato.
— Precisamos dar mais celeridade a essa situação. O Brasil não pode ficar vivendo essa situação de soluço. Temos que ver se o Congresso tem condições de legislar, ver se o governo tem condições de governar, e, a partir daí, chegar a uma conclusão. Agora, viver nessa crise espasmódica, de soluço, precisamos ter uma fase mais propositiva. Temos que tomar uma decisão que preserve a democracia. Essa situação de soluço vai enfraquecendo o governo — disse Caiado.
O líder do DEM falou várias vezes em “gesto maior”:
— O risco é caminhar para um processo de desobediência civil. O risco é parecer que as pessoas que legislam e governam não têm credibilidade junto à população. Isso é o mais grave.
Fonte; O Globo