Brasília em chamas: Exército é convocado para ‘garantir a lei e a ordem’
Por André Farinha Publicado 24 de maio de 2017 às 17:22
Manifestantes que protestam nesta quarta-feira contra as reformas e pela renúncia do presidente Michel Temer colocaram fogo no prédio do Ministério da Agricultura, em Brasília. Carros do Corpo de Bombeiros, Samu e caminhão pipa já estão no local para controlar a situação. Enquanto bombeiros se aproximam, manifestantes jogam pedaços de pau e uma pessoa se feriu no rosto (Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo)

É bastante tenso o clima em Brasília (DF) na tarde desta quarta-feira (24). Manifestantes liderados por centrais sindicais e movimentos populares protestam desde as primeiras horas do dia contra as Reformas da Previdência e Trabalhista, eles também pedem a renúncia do presidente Michel Temer (PMDB) e novas eleições para presidente. Segundo as informações da imprensa nacional, tropas federais foram convocadas para garantia da ‘lei e da ordem’ a pedido do próprio presidente da República.

O uso das forças federais acontece quando há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública, em graves situações de perturbação da ordem. As tropas passarão a reforçar a segurança na região da Esplanada dos Ministérios  Um decreto convocando as tropas foi publicado em uma edição extra do “Diário Oficial da União” e prevê o emprego das Forças Armadas entre 24 e 31 de Maio na Capital Federal. A ordem é assinada pelo presidente, pelo ministro da Defesa, Raul Jungmanne, e pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen.

“O senhor presidente [Michel Temer] decretou, por solicitação do senhor presidente da Câmara, a ação de garantia da lei e da ordem e, nesse instante, tropas federais se encontram neste palácio [do Planalto], no Palácio do Itamaraty e logo mais estarão chegando tropas para assegurar que os prédios dos ministérios sejam mantidos incólumes”, anunciou o ministro da Defesa.

“O senhor presidente da República faz questão de ressaltar que é inaceitável a baderna, que é inaceitável o descontrole e que ele não permitirá que atos como esse venham a turbar o processo que se desenvolve de forma democrática e com respeito às instituições”, completou Jungmann.

Também houve confusão dentro do plenário da Câmara dos Deputados. “Eu pedi o apoio das Forças Nacionais, sim. Agora, qual foi o instrumento que ele [Raul Jungmann] usou foi uma decisão do governo. Agora, de fato, o ambiente na Esplanada era grave e, para garantir a segurança tanto dos manifestantes quanto daqueles que trabalham na Esplanada e no Congresso, eu fui ao presidente que a Força Nacional pudesse colaborar neste momento junto com a Polícia do Distrito Federal”, disse Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, durante a sessão, após questionamentos da oposição.

Ministério da Agricultura foi alvo de depredação (Foto: Letícia Carvalho/G1)

Violência em Brasília

A confusão na Capital Federal começou após o confronto entre alguns manifestantes e seguranças da Esplanada. Um grupo de pessoas começou a atirar pedras e pedaços de pau contra órgãos públicos e sede de ministérios. Houve registro de incêndio na área interna dos Ministérios da Agricultura, do Planejamento e da Cultura, mas, segundo o Corpo de Bombeiros, as chamas não deixaram feridos.

O primeiro prédio a ser atingido pelo fogo foi o do Ministério da Agricultura, por volta das 15h (horário local), as chamas foram extintas cerca de 40 minutos depois. O fogo atingiu o auditório no andar térreo e fotos de ex-ministros foram quebradas. A Tropa de Choque entrou no prédio para evitar o avanço da depredação. O ministro Blairo Maggi estava no interior do prédio no momento do incêndio. Não houve feridos.

O térreo do Ministério do Planejamento também foi atingido pelas chamas. Uma sala da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), que fica no edifício, foi completamente destruída pelo fogo. Segundo os bombeiros que atuaram no local, havia risco de desabamento do forro do teto.

Inteiror do Ministério da Cultura após depredação (Foto: Yasmin Perna/G1)

No Ministério da Cultura, manifestantes também atearam fogo em estruturas da área interna. O prédio também é sede do Ministério do Meio Ambiente. As chamas foram contidas por brigadistas. Documentos e computadores foram depredados. Vidros da fachada e das portas de acesso foram quebrados.

Na área externa dos prédios, lixeiras, orelhões e banheiros químicos foram incendiados e usados pelos manifestantes para montar barricadas improvisadas. Segundo a Polícia Militar, grupos levavam estilingues para atirar pedras contra policiais. Monumentos como a Catedral Metropolitana e o Museu da República, que também ficam na Esplanada, foram alvos de pichações.

De acordo com estimativa da Central Única dos Trabalhadores (CUT), os atos reuniram 200 mil manifestantes. Até as 15h30, a Secretaria de Segurança Pública estimava público de 35 mil pessoas no ápice dos protestos.