Boris Fausto é aplaudido de pé na Flip ao criticar PT e oposição
Por Redação Publicado 3 de julho de 2015 às 14:47

Após criticar o governo, o PT e a oposição, o historiador Boris Fausto, 84, foi aplaudido de pé ao fim da mesa que abriu a programação desta sexta-feira (3) na 13ª Festa Literária Internacional de Paraty. Quando o encontro chegou ao fim, teve até aquele “aaaaah” vindo da plateia em sinal de aprovação. Parecia Jô Soares. “Esse é o maior elogio”, disse satisfeito, no palco, o mediador da conversa, Paulo Roberto Pires.

O tom político foi dado apenas já perto do desfecho da mesa e teve a melhor aprovação possível. Boris Fausto falava sobre as manifestações de junho de 2013. Para ele, “ao otimismo daquela época surgiu um desencanto muito grande”.

“A entrada do PT no poder é um corte na história brasileira, uma coisa importante. Houve momentos de razoável equilíbrio financeiro, combinado com a possibilidade de se realizar uma política social efetiva”, afirmou.

“Mas eu diria que, a partir do segundo governo Lula – e estou dando minha opinião porque você está pedindo, não estou fazendo propaganda –, realmente houve um uma política econômica absolutamente inadequada, ideológica. E uma coisa muito triste: na cúpula do partido dos trabalhadores tem gente corrupta que trabalha num sistema mafioso. Não tenho dúvida quanto a isso”, continuou, citando que a avaliação não deve ser generalizada. Foi bastante aplaudido.

O mediador Paulo Roberto Pires e o historiador Boris Fausto na primeira mesa da Flip 2015 desta sexta (Foto: Divulgação/Flip)O mediador Paulo Roberto Pires e o historiador
Boris Fausto na primeira mesa da Flip 2015 desta
sexta (Foto: Divulgação/Flip)

“E a oposição?”, perguntou o mediador. Rindo, Boris Fausto respondeu e ganhou mais palmas: “A oposição vai mal, obrigado”. “O problema da oposição é não ter sabido ser oposição, não ter tido coragem de ser oposição, de falar ‘nós temos outra proposta para o Brasil, e somos um partido de classe média, sim, falamos para essa classe média, sim”, disse.

Para o historiador, à oposição falta “coerência nas suas atitudes”. Como exemplo, ele falou da proposta do fator previdenciário defendida pelo atual governo – a oposição votou contra. Ele lembrou que o fator foi “introduzido na época do FHC [governo do PSDB], então que [os integrantes da oposição] votassem agora a favor, mesmo que esse fosse o voto do PT”. “Essa coerência que a gente cobra da oposição.”

Viuvez
Durante sua mesa, Boris Fausto falou sobre a morte da mulher, Cinira, com quem foi casado por 49 anos. Nos anos seguintes à perda, ele escreveu um diário que depois virou o elogiado livro “O brilho do bronze”.

O historiador falou com muita franqueza e bom humor sobre a viuvez. Leu um trecho em que, numa visita ao cemitério em que a mulher está enterrada, pechinchou na compra de dois vasos de flores e conseguiu desconto de R$ 5. Questionado se já superou o luto, afirmou: “Totalmente. Eu sou capaz de falar da história de Cinira sem chorar. Eu era incapaz de fazer isso”.

Fonte: Cauê Muraro Do G1, em Paraty