Baixista do Barão, Rodrigo Santos celebra década sóbrio com CD e DVD
Por Redação Publicado 2 de janeiro de 2016 às 12:49

‘A abstinência não me tornou menos roqueiro, muito pelo contrário’

RIO – Janeiro de 1995. Após mais de 30 anos de carreira, os Rolling Stones tocavam no Brasil pela primeira vez, na turnê mundial de lançamento do álbum “Voodoo lounge”. Uma das bandas escolhidas para abrir os cinco shows que Mick Jagger e companhia fizeram entre o Estádio do Pacaembu, em São Paulo, e o Maracanã, no Rio, era o Barão Vermelho, liderado por Frejat. Logo na primeira apresentação, o baixista Rodrigo Santos, que amava (e ainda ama) Beatles e Rolling Stones, empolgado por poder realizar aquele sonho, não pensou duas vezes antes de subir numa das passarelas do suntuoso palco. Mas tinha um problema: o espaço era reservado apenas para o lendário guitarrista Keith Richards, o que gerou uma grande dor de cabeça nos bastidores.

— Não tinha placa, pô (risos). Os seguranças dos Stones ficaram putos com a produção. Mas foi uma experiência incrível. Nesse dia, choveu tanto que tivemos que terminar o show antes do previsto, já que os instrumentos simplesmente pararam de funcionar por conta da quantidade de água que entrou neles — lembra Rodrigo.

Essa é uma das histórias que o músico carioca narra em “Cara a cara”, uma autobiografia que contou com a colaboração do escritor Ricardo Pugialli, prefácio assinado por Frejat e cerca de 80 depoimentos de nomes como Andy Summers (guitarrista do Police, com quem fez duas turnês), Lobão, Leo Jaime e Liminha. O livro saiu no mês passado, depois de outro lançamento de Rodrigo: o CD e DVD ao vivo “Festa rock” (Coqueiro Verde), em que ele interpreta grandes sucessos do gênero no país.

A intensa movimentação do baixista ao longo do ano — ele ainda se apresentou no Rock in Rio, pela segunda edição consecutiva, na Rock Street — tem uma justificativa: em 2015, Rodrigo completou dez anos limpo do álcool e das drogas.

— Quando resolvi fazer o livro, procurei o (jornalista e escritor) Guilheme Fiuza, que é meu amigo de infância. Ele me falou: “Rodrigo, não escreve um livro só sobre sua luta contra os vícios. Todo mundo já falou disso. Você é música, é Beatles, muito antes de ter sido viciado”. E é verdade! Mas é claro que a questão da dependência ocupa grande parte do livro, já que é um capítulo forte da minha história. A música e as drogas foram coisas paralelas por muito tempo — explica.

A decisão de combater seus vícios também teve ligação com a música: em 2005, Rodrigo recebeu um ultimato dos companheiros de Barão Vermelho, pouco antes da gravação do DVD “MTV ao vivo”, no Circo Voador. Ou parava, ou estava fora da banda.

— Eu não queria deixar de participar daquilo de jeito nenhum. E sabia que, se decidisse parar, meu orgulho não deixaria que eu voltasse a me viciar. Não deu outra. E foi a melhor coisa que eu fiz. A abstinência não me tornou menos roqueiro, muito pelo contrário. Enquanto muitos querem parar, se aposentar, eu quero mais. Já tenho 70 músicas inéditas prontas aqui. Mas, disco novo, acho que só em 2017. Tenho 50 shows fechados para este ano, então quero usar meu tempo para lançar tudo o que fiz em 2015 — conclui.

Fonte: o Globo