O LONGA DIRIGIDO POR RIDLEY SCOTT PODE LEVAR A REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO E AS EMPRESAS
Muito se pode aprender sobre a gestão empresarial através do cinema. São dezenas de filmes que retratam elementos da vida corporativa ou representam líderes empresariais em ação, por exemplo, o novo filme falando sobre Steve Jobs.
Por meio de filmes de ficção científica também se pode aprender muito sobre conceitos e práticas de gestão. É o caso do recém-lançado “Perdido em Marte” (“The Martian”), do diretor Ridley Scott, responsável por outras obras-primas da ficção científica, como “Blade Runner” e “Alien”.
Nesse filme, podemos enxergar uma abordagem sobre administração que nos lembra diversos aspectos da gestão lean.
A história trata de um astronauta deixado para trás em Marte quando uma tempestade se inicia. Pensando que o astronauta estaria morto, a tripulação vai embora rapidamente tentando salvar suas vidas.
Recuperando-se dos ferimentos pouco a pouco, o “marciano” vai resolvendo problemas, um após o outro, procurando sobreviver em um ambiente extraordinariamente hostil para poder regressar à Terra.
Nessa difícil jornada, com muitas incertezas, percalços e obstáculos, vários elementos do sistema lean de gestão entram em cena.
Primeiro, um dos elementos essenciais do lean é um dos eixos condutores do filme – a solução de problemas utilizando o método científico.
Um a um, desde desenvolver alternativas para a geração de água e comida, restabelecer comunicações com a Terra e com a nave que estava trazendo de volta a tripulação que o abandonara em Marte, até definir e executar um plano para regressar.
Presença constante nesse esforço foi a criação de múltiplas alternativas em cada processo decisório. Havia sempre uma hipótese “pessimista”, bem ao estilo lean: “e se tudo der errado, o que fazer?”. Ou seja, estar preparado para o pior, para quando as coisas derem errado, permite uma solução pronta e mais eficaz. Esse pensamento foi fundamental em vários momentos.
Foram fundamentais a disciplina e o comportamento padronizado do personagem principal. Outro elemento importante foi o uso extenso da gestão visual de modo a facilitar a vida do “marciano”.
Outros ambientes em que a trama ocorria foram a NASA, um centro de pesquisa na Califórnia e a nave que havia saído de Marte e estava em seu caminho de volta. Foram mostradas tomadas de decisão em conjunto, pessoas assumindo a responsabilidade e tomando a iniciativa, decisões por consenso ouvindo a todos.
Assim como foi apresentada a ideia de que a irrelevância de usar a autoridade e o poder para tomar decisões quando a mentalidade burocrática de um chefe autoritário é ridicularizada.
A cooperação com a China, astronautas de vários países e origens étnicas, com sobrenomes e sotaques representando várias culturas, um negro liderando a operação de resgate, tudo apontando para um mundo diverso de cooperação e confiança mútuas.
Vale a pena ver essa produção extraordinariamente bem feita, visualmente atraente, tanto ao mostrar a paisagem colorida e sombria de Marte, até as estonteantes e eletrizantes cenas de ação produzidas com requintado esmero. Com atores excelentes e ótima direção.
O filme prende a atenção, há vários ângulos científicos adicionais e, como todo bom filme, pode ser visto sobre várias óticas.
Aproveite e veja esse filme sob a perspectiva de alguns dos princípios da gestão lean. Antes de mais nada, você se divertirá. E também poderá captar elementos interessantes para refletir sobre gestão.
PS. A televisão também pode ensinar sobre gestão. Veja artigo de Daniel Bonfim, da Kimberly Clark, “Chefe secreto e as empresas lean” falando sobre o quadro “Chefe Secreto” do Fantástico.
Fonte: Época Negócios