Em tempos que se discute a aposentadoria, ou melhor dizendo, a falada Reforma Previdenciária, um questionamento faz refletir o mais atendo dos cidadãos. Ora, o que é a aposentadoria para quem trabalhou duramente a vida inteira? Se no sonho ilustrado por qualquer propaganda de previdência privada, onde o homem sempre aparece deitado em uma rede tomando água de coco e lendo um livro, a realidade que acompanhamos na rua é bem diferente. No mundo do realismo, a aposentadoria do brasileiro é a continuação do trabalho, mas com uma mudança significativa na ocupação (emprego).

Largar tudo e passar a ser um simples vendedor de salgado em frente a uma agência do INSS; montar um barzinho na esquina da rua de casa; tocar uma banca de jornal e revista na praça do bairro; virar jardineiro… São muitas as atividades desempenhadas por trabalhadores após a aposentadoria, não que isso seja uma crítica ou uma espécie de preconceito para com os mais jovens que também atuam nesses segmentos, pelo contrário, é a descrição da realidade de um país onde o ‘ser aposentado’ precisa continuar trabalhando para poder sobreviver.

E não é difícil encontrar exemplos da situação citada acima. O Brasil está cheio de pessoas com mais de 70 anos trabalhando arduamente em profissões que jamais pensaram em ser algum dia, tirando do novo ofício uma renda extra para completar o que ganham com a aposentadoria. Fora essa parte burocrática (dinheiro), esses ‘aposentados-trabalhadores’ parecem curtir o que fazem, mesmo cientes de que não era o que pretendiam lá trás: levantar cedo ao som do Bem-te-vi para fazer o café, ligar o rádio para ouvir as notícias e canções de programas retrôs, e sair às ruas em busca do ‘ganha-pão’ como sempre fizeram durante anos.

A verdade, meus amigos, é que a batalha da vida não encerra aos 70, ela continua e de uma forma ainda mais intensa, onde os desafios são mais difíceis e as conquistas raríssimas.