Ensino para Jovens e Adultos (EJA) em Campo Grande tem 3.286 estudantes em 2015. Do total, 11 são idosos com mais de 75 anos. O mais velho é o Otacílio Mendes, de 84 anos, que resolveu estudar para ocupar o tempo e para aprender a fazer conta.
Embora a evasão escolar seja alta do EJA em todo o país, os colegas de sala de aula de Mendes, na Escola Municipal João Evangelista Vieira de Almeida, continuam firme e forte nos estudos, sendo exemplos de rendimento, frequência e vontade de aprender.
Mendes estudou até os 7 anos e teve de deixar os bancos escolares para trabalhar na roça. O agricultor aposentado conta que o pai dele tentou ensiná-lo, assim como seus irmãos. Quando se mudou para Campo Grande, tentou voltar a estudar, mas as aulas à noite duraram dois meses.
“Deus me deu repouso e como ficava em casa o dia inteiro sem nada para fazer eu vim estudar. É bom fazer conta e escrever”, contou o idoso.
Na mesma sala de Mendes, estuda Elizabete Brito Alves, de 76 anos, que voltou aos bancos escolares por recomendação médica. A aposentada disse que há 7 anos sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e, por causa disso, teve perda de memória.
“Tive um AVC há 7 anos, fiquei um ano imóvel e esquecida. Depois de recuperar os movimentos, o médico pediu para eu voltar a estudar. Hoje estou ótima”, disse. Ela tinha uma confecção onde trabalhou dos 18 aos 62 anos quando sofreu o AVC.
Apesar do retorno para sala de aula ter sido uma recomendação médica, Elizabete pensa em não parar mais os estudos enquanto tiver saúde. “Se Deus me permitir, parar de estudar eu não quero. Eles (netos) vão me dar uma ideia sobre curso superior”, ressaltou.
Elizabete tem três netos. Uma médica, outra farmacêutica e um terceiro que está concluindo o curso de engenharia civil.
Disciplina
Os alunos do EJA têm quatro disciplinas artes, ciências, educação física e atividade – que engloba matemática, língua portuguesa, história e geografia. A professora Fátima Olímpia Echeverria disse que o segredo para manter boa frequência dos alunos é usar a experiências de vida dos alunos.
“Usamos o cotidiano para educação. Procuramos ouvi-los, o que almejam e fazemos atividades diferenciadas. O professor tem de trazer o que eles não sabiam diante do que eles sabem. Tem de adquirir conhecimento e depois alfabetização”, explicou a professora.
Segundo ela, a dificuldade é quando os alunos levam sofrimento de vida. “Eles têm muitos problemas para resolver, trabalham e alguns têm baixa autoestima, porque temos de trabalhar isso primeiro para trazê-los para aula”, pontuou.
Alunos da Escola Municipal João Evangelista Vieira de Almeida (Foto: Juliene Katayama/G1 MS)
Fonte: Juliene Katayama Do G1 MS