
Adolescente de 15 anos está se recuperando, segundo família.
Colégio afirma que tomou medidas de segurança no evento.
Uma adolescente de 15 anos está se recuperando após ter sofrido queimaduras de 2º grau na feira de ciências da escola onde estuda, em Suzano, segundo a mãe dela, Katia Simone Takikawa. O acidente foi no dia 9 de novembro, mas a família divulgou fotos dos ferimentos em redes sociais apenas neste fim de semana e o caso ganhou repercussão. A advogada da família, Vanessa Ribeiro Camargo, informou que entrou com uma medida cautelar para conseguir as imagens das câmeras de segurança da escola e também com uma petição para instauração de inquérito policial.
O Colégio Suzano informou que “o manuseio de material inflamável é permitido em Feira de Ciências e dentro de laboratórios em todas as instituições de ensino, desde que em ambiente controlado e acompanhado pelos educadores. Segundo a escola, “havia a presença da brigada de combate a incêndio e funcionários participantes da CIPA, treinados para a execução de manobras básicas de combate à incêndio”.
A aluna, do 9º ano, começou a estudar na instituição no começo de 2016. Ela não teve o nome revelado pela família, mas relatou que havia estudantes do sexto ano na mesa da frente do grupo dela usando algo inflamável.
“Eu estava agachada e de costas para eles, arrumando minha experiência, quando ouvi um barulho muito forte de algo caindo no chão. Em seguida, ouvi meus amigos gritando desesperados para eu sair dali e quando olhei para trás, vi que havia muito fogo. O fogo estava muito alto, quase pega no meu cabelo que estava solto. Rapidamente levantei e virei, foi quando começou a pegar fogo no meu pé direito”, relatou.
A jovem ainda disse que foi socorrida por um amigo e por uma mulher que não conhecia. Segundo ela, não havia orientações de segurança. “Nesse dia recebemos apenas a orientação de abotoar os jalecos. Mas muitos alunos estavam com os jalecos abertos, mangas dobradas, de bermudas com as pernas expostas, eu de chinelo e a maioria das meninas de cabelos soltos. A feira foi realizada na quadra da escola que é fechada e estava quente lá dentro. Todas as mesas e as estruturas das barracas foram forradas com TNT que é fácil de pegar fogo. E havia mais de um grupo usando fogo e eu não vi nenhum bombeiro no local”, disse a jovem.
A menina foi socorrida pela escola para a Santa Casa de Suzano. Depois a mãe a levou para um especialista. “O médico me orientou como fazer os curativos duas vezes ao dia com medicamentos específicos”, contou a mãe. No dia 16 de novembro a jovem passou por atendimento no Hospital Sírio Libanês, na capital. “Ela passou por um procedimento cirúrgico com anestesia geral para ‘desbridar’ o ferimento”, continua Kátia. A mãe acrescentou que não foi procurada pelos donos da instituição de ensino, mas apenas pela diretora pedagógica.
A mãe afirma que vai tirar a menina da escola. “Ela não está indo para a escola, pois tem atestado médico”, diz.
A advogada contratada pela mãe, Vanessa Ribeiro Camargo, explicou que entrou com uma medida cautelar para conseguir as imagens das câmeras de segurança instaladas na quadra. “Assim vou poder verificar o que aconteceu no local”, disse.
Outra medida da advogada foi enviar uma petição para instauração de inquérito policial para averiguar o que aconteceu e a responsabilidade do dono do colégio. Ela disse que foi enviada na sexta-feira (18), para o delegado responsável. “Estamos ainda na fase preparatória e estudando o caso. Pretendemos, posteriormente, entrar com uma ação de responsabilidade civil para reparação dos danos sofridos. O que aconteceu foi de responsabilidade do colégio. Estavam no local crianças de 11 anos manipulando combustível com utilização de caixa de fósforo. A mãe da garota guardou a roupa da filha para perícia, assim poderemos afirmar qual foi o combustível utilizado”, disse a advogada.
O Colégio Suzano informou que “o manuseio de material inflamável é permitido em Feira de Ciências e dentro de laboratórios em todas as instituições de ensino, desde que em ambiente controlado e acompanhado pelos educadores. Nesse sentido, os alunos estavam autorizados ao uso do álcool, não estando autorizada à utilização de outras substâncias. Todas as experiências que tinham manipulação de tais produtos estavam com uma equipe de apoio circulando no local e equipamentos à disposição”.
O colégio ainda acrescentou que apura o que aconteceu neste caso. “Todos os anos ocorre o desenvolvimento do projeto e em nenhum outro evento ocorreu tal incidente”, afirmou.
Ainda de acordo com a instuição de ensino, “para a realização dessa espécie de evento, não há a exigência de vistoria do bombeiro”. A escola ainda acrescentou que “está com toda a documentação do prédio, incluindo o alvará em plena vigência” e que “a vistoria mensal é realizada pela brigada do colégio e para este evento foram acionados antes, durante e depois da feira.”
O colégio também informou que “havia a presença da brigada de combate a incêndio e funcionários participantes da CIPA, treinados para a execução de manobras básicas de combate à incêndio”.
Com relação ao socorro, a escola informou ao G1 que “foi imediato, executadas manobras de primeiros socorros, nenhum outro aluno ou visitante foi atingido, e a aluna foi encaminhada para o pronto atendimento da Santa Casa. Após o atendimento pela equipe médica, a aluna e a mãe retornaram ao colégio, onde a aluna permaneceu até o encerramento do evento, sem a presença da mãe e aos cuidados do colégio.”
De acordo com a escola, “a equipe, através da diretora, esteve em constante contato com a mãe, oferecendo todo o auxílio desde o custeio de qualquer tratamento até auxilio para deslocamento, porém a mãe recusou ajuda bem como, recusou-se a nos atender.”
Fonte: G1