"A maldade da greve"
Por Redação Publicado 8 de julho de 2015 às 10:25

A partir de janeiro deste ano, começaram a surgir greves e mais greves, infernizando a vida de todos quantos necessitem dos serviços dos trabalhadores parados. Centenas de milhares de pessoas em nossa cidade – e em todo o País – sofrem, indefesas, penosos prejuízos materiais e morais  durante os longos períodos de greve, sem terem a quem recorrer. Até mesmo o Poder Judiciário vê-se desmoralizado por sindicalistas ávidos de notoriedade pessoal, em detrimento da gigantesca multidão prejudicada, pois de nada valem as liminares, tampouco as multas aplicadas aos sindicatos, os quais logram sempre safar-se dessas penalidades com o perdão judicial; ou seja, tal sindicato foi penalizado com multa diária, todavia, finda a paralisação dos trabalhadores, não raras vezes é beneficiado com o perdão judicial de anulação da multa.

Agora, pasme, leitor: há exatamente quarenta e seis dias, as crianças e os adolescentes da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande – em torno de cem mil alunos – estão lamentavelmente prejudicados pela greve dos professores, que está desafiando acintosamente a ordem judicial, pois o Poder Judiciário, além de decretar a ilegalidade da greve, impôs multa de cinquenta mil reais por cada dia de paralisação das aulas, mas, mesmo assim, a greve continua sem solução.

Os professores municipais reclamam o acréscimo do piso salarial de 13,01% sobre o salário da categoria, decorrente da Lei nº 5.411/2014. Entretanto, o Município concede apenas 8,5%, conforme divulgado pela mídia. Assim, a briga continua insolúvel, enquanto os estudantes ficam sem aula, com grande prejuízo no cumprimento integral do currículo escolar de 2015, o que afronta o direito da multidão estudantil paralisada nos estudos, por culpa de uma situação fática altamente nociva à boa formação pedagógica de nossas crianças, e contribui nefastamente para a má qualidade do ensino em Campo Grande.

O pastor-violeiro, no acúmulo do cargo de prefeito municipal de Campo Grande, demonstra claramente que pouco está se importando com tão grave e absurda situação político-administrativa, que está ocorrendo absurdamente diante de suas vistas, o que demonstra a toda evidência o descaso do político em detrimento do contribuinte. Realmente, uma mazela digna da consequente punição cívica prevista no compêndio constitucional – a mesma aplicada ao prefeito anterior!

Alerto que o professor de todos os níveis do magistério faz jus a salário digno, não somente para garantir a própria subsistência e de sua família, mas também para garantir-lhe um padrão de vida condizente com sua profissão no seio da sociedade em que vive. Todavia, os professores em greve não podem deixar de aquilatar a maldade da greve sobre seus inocentes discípulos, que estão praticamente perdendo o ano escolar. Alguém já disse no passado – com muito acerto – que o professor é como um segundo pai para o aluno, e como tal deve zelar pelo bem-estar de seu pupilo, jamais abandoná-lo à própria sorte, mormente quando um político incompetente administra precariamente uma cidade de um milhão de habitantes, como Campo Grande, e não tem sabedoria – ou vontade política – para equacionar com justiça os problemas dos súditos.

Como já exposto, lá se vão quarenta e seis dias de paralisação, sem indício de solução. Com a devida venia dos grevistas, pais e mães aflitos apelam ao bom senso para que voltem imediatamente à sala de aula, pois faz-se necessário que levem em consideração tão injusto tratamento político em desfavor de milhares de crianças e adolescentes, que aí estão grudados na televisão – ou vadiando à toa pelas ruas da cidade. Sem prejuízo aos inocentes, que acionem seus representantes na Câmara Municipal, para que, por sua vez, os ilustres edis se façam presentes na luta pelo cumprimento do piso salarial previsto na citada Lei nº 5.411/2014.

Fonte; Correio do Estado/Gilson Cavalcanti Ricci, Advogado