Assetur garante ter ‘reformado’ terminais e diretor põe a culpa no vandalismo
Por André Farinha Publicado 10 de outubro de 2017 às 16:40
Diretor da Assetur, João Rezende Filho

No entendimento do diretor da Assetur (Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano), João Rezende Filho, existe um preconceito por parte da sociedade quanto à qualidade do transporte público. Ao fazer uso da tribuna na Câmara Municipal, durante a sessão ordinária desta terça-feira (10), o representante do setor confirmou que o serviço está longe de atender a expectativa do usuário e afirmou que o transporte público na Capital hoje anda na contramão.

Com os estudos já iniciados para o reajuste da tarifa do passe de ônibus, que deve ser aplicado entre Novembro e Dezembro próximos, a qualidade do serviço voltou a ser questionada pelos vereadores. Para tal, o diretor da Assetur foi convocado pelo presidente da Casa de Leis do Município, vereador Professor João Rocha (PSDB), para prestar alguns esclarecimentos a respeito.

Um dos debates foi quanto ao acordo para isenção fiscal, assinado no final de Março deste ano, que previa uma contrapartida por parte do Consócio Guaicurus, que reúne as empresas prestadoras do serviço de transporte coletivo urbano. O grupo ficou de providenciar a reforma de todos os terminais da cidade, porém, foram realizadas apenas serviços de manutenção simples, como a troca de lâmpadas, pintura (que não foi concluída em todos os estabelecimentos), reparos na calha e troca de bebedouros.

Rezende disse que a culpa pela situação dos terminais está nos vândalos.  “O Consórcio se comprometeu e cumpriu, programamos ações nos terminais, reformamos banheiro e bebedouros, trocamos as lâmpadas por lâmpadas de LED, reparamos calhas, 100 pontos de ônibus foram instalados, mas infelizmente presenciamos no mesmo dia que realizamos uma reforma no banheiro a depredação e pichação. Esses recursos aplicados precisam ter duração”, ponderou.

No entanto, relatos de usuários apontam para o sentido oposto ao do diretor da Assetur. Conforme dizem, não houve reforma, mas apenas melhorias na parte que ‘interessa’ as empresas de ônibus. Nestes últimos seis meses em que a Prefeitura manteve o grupo empresarial isento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), o Consócio Guaicurus instalou cerca-elétrica nos terminais, grades envolta dos guichês para evitar que usuários entrassem sem pagar e contratou uma empresa de segurança para atuar, limitadamente, dentro dos espaços dos guichês.

No seu pronunciamento, o diretor da Assetur explicou que a isenção do ISSQN é um benefício para o usuário. “A isenção fica no bolso do trabalhador, do empregador, fica circulando na economia, não isenta as empresas, consórcio e, sim, os usuários”, disse. De acordo com João, o transporte público está muito longe de atender a expectativa do cliente, “Nós precisamos eliminar o preconceito de que o transporte coletivo é deficiente. O transporte está andando na contramão. Imagina um ônibus medindo 21 metros de comprimento, disputando espaço com caçambas, automóveis, ciclistas, tudo isso dentro de uma faixa que não cabe o ônibus.”, comentou.

Ele também pediu melhorias no trânsito que podem, por si só, reverter em melhorias também para o usuário. “O transporte público precisa de melhorias, uma delas é melhorar a velocidade dos ônibus, atualmente de 15 km. Colocar mais ônibus nesse trânsito vai piorar. Temos que colocar velocidade, vai produzir muito mais viagem e com qualidade. Uma solução é implantar corredores exclusivos para os ônibus.”, disse.

João Rezende também comentou que a Concessionária tem interesse na renovação da concessão e adiantou que, caso não aconteça, o custo-extra será jogado sobre o valor final da tarifa. Com a isenção, o Consórcio Guaicurus economiza até R$ 700 mil. “Esse imposto não deve ser taxado pela Prefeitura, é algo essencial, e se voltar a ser cobrado o consumidor vai pagar mais caro”, informou o diretor da Assetur.

Atualmente, o valor do passe de ônibus na Capital é de R$ 3,55. A expectativa é que o reajuste não ultrapasse a marca de 10%, sendo assim, o novo valor deverá ser de R$ 3,65, mas pode chegar até a R$ 4,00. O anúncio deve acontecer na primeira semana de Novembro.