Sem recursos para financiamentos, Caixa dificulta venda de imóveis
Por André Farinha Publicado 25 de setembro de 2017 às 10:45

A crise financeira que afeta a Caixa Econômica Federal (CEF) está refletindo no setor imobiliário e da construção civil, em especial os pequenos empresários. Sem recursos para cobrir todo o financiamento da venda das casas novas e usadas, o banco público tem travado e dificultado a assinatura dos contratos do Programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, do Governo Federal.

Diante do problema, construtores de Mato Grosso do Sul e de todo o país participarão, na quarta-feira (29), de uma audiência com o ministro das Cidades, Bruno Araújo, e com o presidente nacional da CEF, Gilberto Occhi, para debater a situação. A Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul) representará os pequenos construtores do Estado na agenda.

Segundo o presidente da entidade, Adão Castilho, quando o contrato é assinado, a Caixa paga à vista o valor do imóvel ao construtor e o comprador do imóvel assume a dívida junto ao banco no sistema de financiamento. No entanto, o banco não tem mais dinheiro para custear todos os processos, com isso, a maior parcela está parada há quase um mês. Apenas em Mato Grosso do Sul são mais de 120 aguardando a liberação.

Castilho ressalta que o recurso usado pela Caixa para financiar os imóveis novos é retirado do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “Dá a entender que está faltando dinheiro, este dinheiro é oriundo do Fundo de Garantia”, cita o presidente. Segundo ele, a Superintendência Regional da Caixa em Mato Grosso do Sul tem justificado a demora no prosseguimento dos processos devido à reorganização das verbas por parte da instituição.

Ao mesmo tempo, conforme a explicação, a CEF já emitiu comunicado para as agências bancárias darem preferência para contratos que possuem menores quotas de financiamento e para clientes que tenham uma gama maior de relacionamento com o banco. “Os pequenos construtores são responsáveis por até 60% do financiamento de imóveis do Minha Casa Minha Vida. A construção civil é o alicerce da economia, por meio dela é possível retomar o crescimento do Brasil mais rapidamente”,  comenta Castilho.

A crise imobiliária na Caixa

A partir desta segunda-feira (24), a Caixa passa a financiar apenas 50% do valor total dos imóveis usados. No mês passado, o banco já havia reduzido o limite de financiamento de imóveis usados de 70% para 60%, dependendo da linha de financiamento. As reduções já refletem nas imobiliárias, que estão deixando de trabalhar com imóveis usados, dedicando-se apenas aos novos empreendimentos, como residenciais e condomínios fechados.

A CEF já havia anunciado corte de 90% para 80% no teto de financiamento para imóveis novos, no caso da tabela SAC (que reduz o valor das prestações ao longo dos anos). Em julho, a CEF já havia suspendido a linha de financiamento do Pró-Cotista, modalidade que, depois do Minha Casa Minha Vida, tem juros mais atrativos. O Pró-Cotista só deve retornar em 2018.