
Desorganização, ‘clima de perseguição’, sistema de plantão irregular, entre outros fatores foram apontados pelo secretário Municipal de Saúde Pública, Marcelo Vilela, como parte das dificuldades encontradas nestes quatro primeiros meses de gestão. Nesta quarta-feira (31), o titular participou da audiência de prestação de contas do Executivo Municipal na Câmara Municipal de Campo Grande e falou aos parlamentares que somente no segundo semestre é que “as coisas [na saúde] vão acontecer”.
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Segundo Vilela, a Sesau passa por um momento de mudanças. “Vim para contribuir e sei que posso contribuir com a ajuda de todos. Não gosto de falar, mas assumimos algumas coisas desorganizadas e outras boas”, afirmou. “Havia um clima de perseguição dentro da Secretaria. Tinha um jeito de tratar o servidor que, infelizmente, tivemos que mexer. Tinha um sistema de plantão que está passando por auditoria. Você não organiza isso em dois ou três meses”, expôs o secretário.
No sistema de plantões, Marcelo Vilela contou que flagrou médicos fazendo até 28 plantões por mês. “Isso não existe. Já esperávamos que nestes seis meses seria só furacão. As coisas vão acontecer a medida que o tempo passe”, garantiu.
Vereadores
O vereador Dr. Loester (PMDB) criticou o fato de todo o problema da saúde de Campo Grande ser jogado em cima do médico. “Queremos uma saúde unida. Médicos, funcionários, prefeito, Secretaria, para que realmente se faça um bom trabalho. Já estamos com dificuldade de médicos para atender nos postos de saúde e essas coisas ainda acontecem. Tem que contratar mais médicos? Tem. Se não tem, não tem como colocar a culpa no médico que está lá trabalhando”, disse.
Para o vereador Valdir Gomes, o usuário da rede pública precisa de acolhimento. “Muitos funcionários concursados estão descontentes com o que ganham. Quem está lá fora quer ser atendido e, muitas vezes, isso não acontece. Sei do descontentamento salarial da categoria. Medidas devem ser tomadas”, afirmou.
O vereador Dr. Lívio alertou para os números apresentados durante a prestação de contas. Segundo ele, é preciso equilibrar investimento em atenção básica e, ao mesmo tempo, “resolver algumas situações que vêm acontecendo”. “Quando pegamos as despesas com saúde, temos uma despesa liquidada de R$ 323 milhões, e 0,025% de investimento. Quase todo o valor fica com a folha de pagamento e fornecedores. Isso é histórico dentro da Sesau, mas isso precisa ser ressaltado. É um cenário que não vai mudar nos próximos anos. Precisa mudar agora para colher em 15 anos. Se você não cuidar do cenário da atenção hospitalar, vai estar na primeira página toda semana”, sugeriu.
Já a vereadora Enfermeira Cida defendeu uma gestão de excelência para gerir o SUS. “A saúde em Campo Grande é delicada. Não tem convênio melhor que o SUS, mas é preciso saber gerir. Se a saúde básica não vai bem, a Santa Casa não vai esvaziar. Tenho um atendimento muito bom nos postos, mas, quando quero resolver o problema, vou para a Santa Casa. É um sistema que precisa ser melhorado”, afirmou.