
Projetos, nenhum. Blindagem ao prefeito, total. Em mais uma sessão, improdutiva em termos de benefícios para a população, da Câmara Municipal de Campo Grande, os vereadores defenderam o prefeito na luta que vem travando com os profissionais da saúde, em especial os médicos.
A população quer apenas ter os seus direitos constitucionais respeitados e poder utilizar da rede pública de saúde, enquanto isso os vereadores querem “causar”. Durante sessão ordinária realizada hoje (4), foi discutida a instalação do ponto eletrônico nas unidades de saúde da Capital, para garantir a presença dos trabalhadores no horário exigido. Os parlamentares se posicionaram a favor da instalação do ponto.
Dr. Loester Nunes (PMDB), médico que por várias vezes se ausentou das sessões por “emergências médicas e outras” disse ser favorável ao ponto. “Se a pessoa falta dois, três dias sem motivo pode ser demitido. Tem que marcar ponto. Se é servidor público, a obrigação é de estar lá. Se não for isso, que saia. Mas o poder público tem que oferecer condições para eles também”, disse o vereador. No entanto o que se questiona é o atraso dos profissionais na entrada do plantão e nas dispensas médicas por estresse provocado pelas péssimas condições de trabalho.
Líder (?) do prefeito, o vereador Chiquinho Telles (PSD), que trabalha de terça-feira à quinta-feira com pouquíssimos projetos apresentados durante sua gestão, disse que o ponto só ‘não presta para quem não tem responsabilidade’. Sem explicar os motivos pelos quais não se exige trabalho efetivo do legislativo municipal. “Volto a dizer: quem não deve não teme. O prefeito vai todos os dias. Quem recebe dinheiro nosso, tem que trabalhar todo dia. É obrigação. E eles ganham bem pra isso (grifo nosso – quem, cara pálida, os médicos? Os profissionais da saúde?) e fizeram compromisso de salvar vidas. O ponto só não presta pra quem não tem responsabilidade”.
A garantia dada pela Prefeitura é de que até o final de abril pontos eletrônicos serão instalados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e nos Centro Regional de Saúde (CRS). A questão é saber se também haverá condições de atendimento, insumos e medicamentos.
O Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul (SinMed-MS) vai pedir contrapartidas, entre as quais o reajuste salarial que não existe há três anos.
Após cortar plantões, o prefeito pretende pagar uma gratificação de R$ 300 para o plantão diurno de seis horas sendo R$ 160,00 a cada seis horas de trabalho no período matutino, incluindo os fins de semana; R$ 160,00 a cada plantão no período vespertino; e R$ 80,00 a cada plantão eventual realizado pela manhã.
Em um país onde faltam especialistas pediatras, que podem atender em clínicas e hospitais particulares e empresas privadas com rendimentos muito superiores e plenas condições de trabalho, o prefeito pretende enganar a quem?
Marquinhos Trad não compreende a Saúde, não consegue administrá-la e sequer tem quem o faça o que tem mantido um clima tenso entre gestão e categoria. O Sindmed rasga o verbo em nota: “Escalas médicas são divulgadas pela Secretaria de Saúde, porém não condizem com a realidade, os números não coincidem com o déficit de mais de 500 médicos, o que impossibilita o atendimento nas unidades”.
E denuncia: “Faltam médicos, não há previsão de mais contratações e concurso público, há precariedade nas unidades de saúde, baixa remuneração e outras adversidades, tudo isso tem contribuído para que os profissionais afastem-se do serviço público”.