
Apesar do mistério feito por órgãos oficiais e Consórcio Guaicurus, concessionária responsável pelo transporte público em Campo Grande, sobre a nova frota de ônibus recebida na Capital, funcionários confirmam a chegada dos veículos, mas os carros estão parados no pátio das empresas, enquanto os usuário padecem com carros velhos. Esta seria a primeira reposição da frota em cinco anos.
A equipe de reportagem foi até a garagem da Viação Campo Grande e da Cidade Morena na manhã de ontem (22) e flagrou os ônibus parados no local; são pelos menos 22 carros, sendo 16 e 6 respectivamente. Os funcionários confirmaram a presença dos veículos, mas não quiseram conversar com a imprensa.
Questionada, a prefeitura informou que o transporte coletivo de Campo Grande é uma concessão e que não cabe a eles essa responsabilidade. Já a assessoria de imprensa do Consórcio Guaicurus nega que a frota já esteja na Capital e afirma que não há nenhuma previsão para que os ônibus cheguem ou comecem a circular.
Os carros vieram do Rio de Janeiro e vão substituir a frota de 2006 e 2007. Ao todo, foram comprados 91 ônibus 0km e terão um layout novo. Na verdade, serão adotadas as cores antigas, azul e branco, para alimentadores e branca e vermelha para troncais e convencionais. Já no interior do veículo, aparentemente não houve alterações.
Os bancos são de plástico, sem estofado e só há um espaço para cadeirantes, previsto por lei. A mudança fica na porta traseira, que foi movida mais ao fundo do ônibus, deixando a frota semelhante aos veículos de Minas Gerais e São Paulo, já usados em 2012 pela população campo-grandense.
“Isso é uma falta de respeito com a população que trabalha e paga por esse serviço e não tem o mínimo de retorno. A gente só usa o transporte público porque não tem condição de comprar um carro ou uma moto, não porque é bom. A falta de ônibus afeta toda a nossa rotina, que tem de sair horas mais cedo de casa por causa do atraso, isso quando ele não quebra no meio do caminho ou quando o ônibus vem lotado e você não consegue entrar”, diz Viviane Freitas, 20.
Estudante, Viviane depende do transporte para ir ao estágio e à faculdade, mas conta que atualmente tem preferido gastar em Uber ou táxi para não se atrasar e ter conforto. “A gente paga caro e não tem nem o mínimo, os ônibus são lotados, sujos e estragados. Uma vez estava chovendo e eu não sabia se caía mais água dentro ou fora do ônibus, um rapaz chegou até a abrir um guarda-chuva dentro do veículo, é revoltante.”
Fonte: O Estado Online/Bruna Pasche