O fantasma das lesões voltou a assombrar o Botafogo neste início de 2017. Depois de sofrer ao longo do ano passado com 26 jogadores contundidos, o clube se mostra preocupado com o começo da nova temporada e vem tendo baixas nas decisões da Pré-Libertadores. João Paulo e Carli apresentaram dores ainda na pré-temporada no Espírito Santo e demoraram a estrear – o zagueiro só voltará a campo neste domingo, contra o Boavista; Camilo desfalcou a equipe contra o Colo-Colo, do Chile, por um problema na coxa direita; e Airton, Bochecha, Gatito e Montillo tiveram contusões confirmadas – os dois últimos são dúvida contra o Olimpia, do Paraguai.
Conselheiros e membros da diretoria resolveram agir e cobrar explicações dos departamentos envolvidos. Na quinta-feira, o encontro foi com o DM em General Severiano – uma foto onde aparecem os médicos alvinegros Salvio Magalhães e Eduardo Amorim dando as suas justificativas vazou nas redes sociais nos últimos dias. Na sexta-feira, foi a vez de conversas com a comissão técnica, que inclui a preparação física e a fisiologia do clube. Segundo pessoas que participaram das reuniões, o clima foi leve e informal, apesar da nítida cobrança. Em coletiva após o primeiro jogo contra o Olimpia, o técnico Jair Ventura culpou o calendário brasileiro.
– Falei para eles: “A gente vai perder, empatar ou vencer, mas com essa entrega e intensidade de jogo vai ser difícil ganhar da gente”. Tem que ser assim. Não que assim você vá vencer todos, mas aumenta as chances. Isso tem um preço. Esse preço a gente paga com as lesões e os cansaços. (…) Esse é o preço do calendário curto para tantos jogos decisivos no ano. Fizemos 22 dias de trabalho e agora temos duas finais para entrar na fase de grupos. Vai ser difícil, mas vamos nos adequar ao calendário e fazer o máximo para entrar na fase de grupos.
O Botafogo chegou a investir no ano passado mais de R$ 300 mil para comprar nova aparelhagem importada de prevenção de lesões: comprou a Termografia, que faz um mapa de calor dos músculos, mostrando desde fadiga muscular a rompimentos de microvasos para saber se o jogador está próximo de se machucar e se precisa ser poupado; o Isocinético, que permite quantificar a função e o desempenho muscular, atuando também como um método preventivo e terapêutico; o Catapult, um GPS que reúne dados dos atletas durante treinos e os apresentam em tempo real; e o Kineo, que ajuda no fortalecimento e tratamento de desequilíbrio muscular.
O Botafogo usava a estrutura em General Severiano ano passado, mas a volta ao Nilton Santos vem causando certa dificuldade. Alguns equipamentos que deveriam ser instalados no estádio – como o de termografia – ainda não foram, alguns por falta de espaço. A sala de fisioterapia também demorou a ser climatizada, o que gerou reclamação de alguns jogadores por conta do calor – a máquina de gelo ficou fora de operação em certo dia, e um atleta lesionado desistiu de fazer o tratamento. Apesar das reuniões com a diretoria terem sido tranquilas, os problemas têm gerado alguma tensão na relação entre o departamento de futebol e outras áreas do clube.
Fonte: Globoesporte.com/Por Felippe Costa, Marcelo Baltar e Thiago Lima Rio de Janeiro