Soja se recupera em Chicago e, à espera das novidades da semana, opera com boas altas nesta 2ª
Por Redação Publicado 7 de novembro de 2016 às 14:24

Na manhã desta segunda-feira (7), os futuros da oleaginosa subiam entre 9,50 e 10,50 pontos nos principais contratos e, dessa forma, apenas o novembro/16 ainda trabalhava abaixo do patamar dos US$ 10,00

O mercado internacional da soja dá início a esta semana trabalhando em campo positivo e atuando com ganhos significativos. Na manhã desta segunda-feira (7), os futuros da oleaginosa subiam entre 9,50 e 10,50 pontos nos principais contratos e, dessa forma, apenas o novembro/16 ainda trabalhava abaixo do patamar dos US$ 10,00. Enquanto isso, o maio/17 se recuperava e era cotado a US$ 10,13 por bushel.

A semana será cheia para o mercado, uma vez que a influência do financeiro se intensifica na medida em que se aproxima a eleição presidencial nos Estados Unidos, a ser realizada nesta terça-feira (8), e com as expectativas para a chegada do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no dia seguinte, quarta-feira (9), fortalecendo o peso dos fundamentos sobre as cotações.

Enquanto os traders esperam por essas informações, procuram um bom posicionamento e uma recomposição dos preços, que caíram mais de 1% em Chicago na última semana, permitindo essas altas, com um comportamento técnico de recuperação. Além disso, aguardam ainda dados que serão reportados nesta segunda-feira e também são importantes como o boletim semanal de embarques de grãos – o qual vem exigindo atenção e acompanhamento dada a força expressiva da demanda pela soja americana – e o semanal de acompanhamento de safras, ambos trazidos pelo USDA.

E o movimento de recuperação parece ser generalizado entre as commodities. Os futuros do milho também sobem na Bolsa de Chicago, bem como as softcommodities em Nova York, além do petróleo, que registra um avanço de 1,7% nesta manhã de segunda-feira, com o barril sendo negociado a US$ 44,83. Ao mesmo tempo, subia ainda o dólar index, pouco mais de 0,8%, perto de 7h40 (horário de Brasília).

Veja como fechou o mercado na última semana:

Soja fecha semana em queda na CBOT e no Brasil à espera de novos números do USDA

A semana foi de volatilidade para os preços da soja na Bolsa de Chicago e os contratos mais negociados perderam mais de 1% nos últimos dias. O vencimento novembro/16, o mais negociado do presente momento, foi a US$ 9,81 por bushel, caindo 1,97%, enquanto o maio/17 foi a US$ 10,04, acumulando uma perda de 1,95%.

Além da tensão causada pelo mercado financeiro, pela eleição nos Estados Unidos, o “efeito safra” pesando sobre as cotações ganhou ainda mais força diante das tensões em relação à divulgação do novo boletim mensal de oferta e semana do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na quarta-feira próxima, 9 de novembro.

“A maior parte dos analistas internacionais aposta em uma safra maior nos Estados Unidos já nesse reporte de novembro, enquanto muitos acreditavam que isso poderia vir somente em dezembro”, explica o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica. Frente a isso, o mercado se manteve, neste final da semana, em compasso de espera e deverá se comportar dessa forma também no início da próxima, como diz o especialista.

Expectativas mais detalhadas deverão ser reportadas nos próximos dias, porém, já há consultorias estrangeiras falando em uma produção que poderia chegar aos 117 milhões de toneladas. Entretanto, ao mesmo tempo, os números das exportações norte-americanas surpreendem e, como explica Cogo, poderiam ofuscar esse revisão positiva sobre a safra 2016/17 norte-americana. Há mais de 36 milhões de toneladas já comprometidas com as exportações no país e as vendas semanais têm registrado volumes recordes e impressionantes, de mais de 2 milhões de toneladas.

O USDA estima que, em todo o ano comercial, as exportações norte-americanas de soja deverão somar 55,11 milhões de toneladas. “Esses números não fecham, as exportações deverão ser maiores. Para que ficassem nisso, significaria dizer que eles venderiam, a partir de agora, metade desses volumes semanais. Os números são impressionantes”, acredita o consultor.

E Cogo relata que embora a maior parte dessa demanda ainda venha da China, demais países asiáticos como a Malásia, Indonésia e Índia contribuem de forma bastante significativa, uma vez que sofreram com o desabastecimento de óleo de palma, partindo para a soja. “O farelo, que sempre foi o driver de preços do grão, ficou para trás e o óleo passou a frente”, diz.

No cenário macroeconômico, a tensão e a volatilidade vêm das especulações sobre o futuro da presidência norte-americana. A corrida presidencial está aquecida e trazendo muita volatilidade. “Cada investidor ao redor do mundo está esperando para que essa eleição americana termine”, diz, em entrevista ao Agrimoney, o analista Tregg Cronin, da Halo Commodities. E Kim Rugel, da Benson Quinn Commodities, complementa, afirmando que “o mercado vem reduzindo de forma significativa sua exposição ao risco frente às eleições e ao relatório do USDA na próxima semana”.

No Brasil

A semana foi negativa para os preços da soja no Brasil também. Com perdas semanais intensas em Chicago e mais o dólar, que recuou 1,08% para R$ 3,2311, as cotações nos portos e no interior do país acompanharam o movimento de junção desses dois fatores e também cederam entre 0,63% e 4,86%.

Nos principais portos de exportação – Paranaguá, Rio Grande e Santos – as referências terminaram a semana entre R$ 75,50 e R$ 77,00 no mercado disponível, enquanto os negócios com a safra nova registraram indicativos de R$ 77,00 e R$ 78,50 por saca, considerando ainda o terminal de Imbituda/SC.

Já entre as principais praças de comercialização, as referências de preços têm entre R$ 65,00 e R$ 75,00 por saca e ainda acompanham uma regionalização, respeitando também as condições locais de oferta, demanda e os prêmios tanto dos compradores quanto dos vendedores.

As últimas semanas têm sido lentas, de poucos e pontuais negócios por todo o Brasil. Os preços não atraem os produtores a novos fechamentos, tão pouco o momento de formação desses valores. E para Carlos Cogo, essa é uma postura bastante adequada agora.

“O momento é muito turbulento e não para vender. O produtor tem que aguardar passar esses fatores todos – eleição nos EUA, câmbio, divulgação do relatório do USDA – e então voltar a observar o mercado”, explica. Entretanto, chama a atenção para o baixo volume de vendas antecipadas deste ano – algo entre 18% e 20%, apenas, bem abaixo da média dos últimos cinco anos, o que poderia ser ainda um problema para 2017. “Quanto menos vendas antecipadas, mais vendas no disponível”, completa.

Fonte: Portal do Agronegócios