Análise: ao estilo dos dois técnicos, Gre-Nal tem ode à defesa e risco zero
Por Redação Publicado 24 de outubro de 2016 às 09:49

Renato e Celso Roth usam formações e estratégias iguais no clássico 411 e acabam por trancar o jogo na Arena. William e Bolaños, novidades nos times, não aparecem

O Gre-Nal 411, na Arena, entregou exatamente o que dele se esperava. De um lado, um time com todo o nervosismo de estar envolvido na briga contra o rebaixamento. Do outro, uma equipe buscando o G-6, mas talvez mais preocupado com as decisões na Copa do Brasil pela frente. Em comum, apenas as estratégias dos dois técnicos, mais preocupados em não perder do que ganhar. O resultado? Um jogo com poucas chances de gol, qualidade abaixo da média e o velho clichê do Gre-Nal “pegado”. As surpresas William e Bolaños se reencontraram em campo após toda a polêmica da cotovelada, se chocaram, mas pouco produziram.

O consenso pós-jogo foi esse: viu-se pouco futebol em uma Arena lotada com 53 mil pessoas ávidas por gritar gol e caçoar o seu rival, sentado na cadeira ao lado no caso da torcida mista. A zoação da arquibancada limitou-se aos caixões de cor vermelha e o fantasma da “B”, uma briga que o Inter aos poucos vai superando – é 15º colocado, dois pontos acima do temido Z-4.

– Foi um clássico disputado, com poucas chances dos dois lados. Já participei de vários e sempre tem essa situação de disputa dos dois lados. O resultado mais provável sempre é o empate. Talvez uma nota 5 para o clássico esteja de bom tamanho – avaliou Marcelo Grohe.

– Temos que fazer o dever de casa no próximo sábado. Viemos aqui para vencer a partida, jogo difícil, pegado. Mas esse jogo vai ser importante para gente. Mais importante é não perder – sentenciou Ceará, dando a tônica do pensamento para o Gre-Nal.

Grêmio e Inter entraram com o mesmo intuito no Gre-Nal: jogaram para evitar a derrota antes de qualquer coisa. Mais do que tudo, os dois times estavam preocupados com o rival. Até por isso, adotaram uma postura mais retraída. O Tricolor de Renato ainda tentou mais, ficou mais com a bola, mas pouco criou. Não teve profundidade e articulação com a figura de Bolaños no lugar de Douglas, poupado do clássico.

O Inter de Roth entrou com uma surpresa: William no meio-campo, pelo lado direito. Mais preocupado em fechar os espaços e tentando armar um contra-ataque na velocidade. Foi assim que armou a melhor chance colorada, com Vitinho finalizando muito próximo ao gol de Marcelo Grohe, já no segundo tempo.

Mas essa chance saiu de um erro. Walace perdeu a bola no campo ofensivo. Não houve a pressão a Rodrigo Dourado, que avançou. Percorreu o campo até deixar Vitinho cara a cara com o goleiro rival, mas ver o chute sair por cima do gol. O Grêmio, por outro lado, incomodou com chutes de longa distância e um cruzamento desviado por Kannemann que não entrou por centímetros.

Erros, por sinal, marcaram o clássico. E não em relação a decisões da arbitragem. Edílson e Dourado foram expulsos após se envolverem em confusão as 14 minutos do segundo tempo: o lateral deu socos no rival, que revidou, segundo o relato do árbitro na súmula. O nervosismo do clássico transbordou pelos poros dos atletas, errando passes curtos e dribles que em jogos mais tranquilos talvez saíssem. Tudo para não perder.

Os dois times fechavam os espaços com uma marcação tradicional em duas linhas de quatro. O Grêmio ficou mais com a bola e pode-se dizer que tentava propor o jogo. Mas o estilo de Renato é de se defender com robustez, o que fez – Geromel saiu como dos melhores em campo, junto com Kannemann –, e dar estocadas no ataque. Que no domingo simplesmente não ocorreram. Faltaram os passes verticais de Douglas e também espaço, artigo raro no futebol, pela postura do Inter.

A marcação forte de ambos os times, a estratégia de ambos e a característica dos dois treinadores geraram um clássico ruim na Arena. O que não chega a ser nenhuma novidade na centenária história do Gre-Nal, o melhor pior jogo do Brasil.

Fonte: Ge