Diego Alves compreende ausência nas listas de Tite: "Leque de goleiros"
Por Redação Publicado 26 de setembro de 2016 às 15:24

Apelidado de “para-pênaltis” e novo recordista de defesas, goleiro do Valencia admite que houve contatos para ir à Olimpíada e comenta rumores de ida para o Barcelona

A bela trajetória de Diego Alves no futebol europeu ganhou uma grande marca no último fim de semana: ele se tornou o maior pegador de pênaltis da história do Campeonato Espanhol ao ultrapassar Zubizarreta (17 defesas contra 16). O apelido que ganhou da imprensa espanhola de “para-pênaltis”, portanto, ganhou mais força. E o número é ainda mais expressivo porque o brasileiro precisou só de 39 cobranças para alcançar o recorde, enquanto o ex-goleiro tem 16 defesas em 102 cobranças (médias de 0,43 e 0,15, respectivamente).

Diego, hoje com 31 anos, vem se destacando constantemente desde que chegou à Espanha, há quase 10 anos. Mesmo assim, nunca conseguiu ter sequência na seleção brasileira. A última participação foi na Copa América deste ano sob o comando de Dunga, só que ele não saiu do banco de reservas. Nas listas de Tite, o técnico atual, sequer foi lembrado. Na última, foram convocados Alisson, Weverton e Alex Muralha. Mas o goleiro doValencia se mostrou muito bem resolvido quanto a essa questão. Humilde, elogiou as qualidades dos concorrentes, garantiu não se sentir injustiçado e também mostrou respeito tanto por eles quanto pelo novo comandante. Diego, por sinal, já trabalhou com Tite no Atlético-MG em 2005 e com o preparador de goleiros da Seleção, Taffarel, exatamente na Copa América.

– Acho que todo jogador pensa em estar na seleção do seu país. Mas a gente tem que respeitar a opção do treinador e o momento dos outros goleiros. Hoje o Brasil tem um leque de goleiros bastante importante – disse, em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com.

Diego Alves foi apontado como alvo do Barcelona na última janela de transferências após a saída de Claudio Bravo para o Manchester City, mas o clube catalão acabou contratando o holandês Cillessen. Ele também foi cotado para se juntar à seleção brasileira na Olimpíada após o corte de Fernando Prass, mas quem ficou com a vaga foi Weverton. O goleiro falou pela primeira vez sobre esses dois assuntos e esclareceu o que de fato ocorreu. Disse, por exemplo, que seguir no Valencia sempre foi sua prioridade, entre outras coisas.

Veja, a seguir, a entrevista por tópicos:

Recorde no Espanhol

É uma coisa que nunca busquei. Sempre tive facilidade desde o começo da minha carreira, quando jogava no Brasil. Defender pênalti chega a ser uma característica minha, mas nunca imaginei conquistar esse recorde. É um prazer, um orgulho grande poder representar o Brasil e poder triunfar em uma liga conhecida como a melhor do mundo. Isso me deixa muito orgulhoso para poder continuar. Ainda tenho bastante tempo de futebol para aumentar esses números. Mas nunca foi um objetivo, aconteceu naturalmente.

Facilidade para pegar pênaltis

É uma situação que acontece naturalmente. Se você vir o tamanho do gol, a distância do chute… É muito mais provável que saia o gol do que o goleiro defender. Mas sempre tive facilidade. Pode ser por intuição, por vários motivos. Acredito que o percentual de pênaltis defendidos cresceu em relação ao passado, pois hoje existe estudo, tem gente que te ajuda. Mas se você não tiver intuição, velocidade, dificilmente vai defender. São fatores que contribuem. É meio absurdo, para mim também parece uma coisa fora da realidade, mas é uma característica.

Rumores de ida para o Barça

Houve muitos rumores no mercado. O Valencia tinha que dar saída para alguns jogadores, e meu nome estava no mercado. Além do Barcelona, meu nome foi ligado a outros times que tinham interesse também. Mas sempre deixei bem claro que estou bastante feliz no Valencia. O mercado de verão é bastante movimentado. O próprio Valencia negociou o André Gomes e o Paco Alcácer com o Barcelona. Então, não posso afirmar porque não sei o que foi falado nessas reuniões. Tentei focar na pré-temporada, porque tenho contrato aqui até 2019. Estava me preparando para fazer uma boa temporada no Valencia. Meu nome estava no mercado, mas eu tinha consciência de que ficar no Valencia era uma das possibilidades mais reais, e foi o que aconteceu.

Não seria o momento de subir um degrau na carreira? O Barcelona seria o auge.

Tenho contrato com o Valencia e para sair daqui tenho que ser vendido, ou seja, tem que haver uma negociação entre Barcelona e Valencia que não sei se houve ou não. Então, a partir daí é que eu poderia responder essa tua pergunta. Foi uma coisa que saiu na mídia espanhola, e isso a gente não pode controlar, mas tenho contrato com o Valencia. Hoje sou o jogador com mais tempo no time, o que faz com que eu seja importante no vestiário. E a torcida tem respeito pela minha trajetória dentro do clube. Isso faz com que o Valencia seja minha prioridade.

Quase ida para a Olimpíada

Houve alguns contatos (da CBF), sim, mas nada que… Eu estava em pré-temporada com o Valencia fora da Espanha e chegou a informação de que eu poderia ser uma das opções. Mas eles tiveram a opção de levar o Weverton, que inclusive foi um dos jogadores mais destacados da Olimpíada. Fica aquele gostinho de poder ter participado, mas fico feliz de ter esse reconhecimento por ter tido meu nome relacionado à Olimpíada. Não foi desta vez. Eu joguei a Olimpíada de 2008 em Pequim, ficamos com o bronze. E sigo meu trabalho da mesma maneira de antes. De concreto não houve nada. Também era uma situação complicada pelo tempo. Acredito que foi a decisão mais rápida, pelo tempo que ele tinha para se apresentar. Vários fatores influenciaram na convocação do Weverton, e não tem problema algum. A opção é aberta a todos. Hoje o Brasil tem um leque bastante grande de goleiros. Agora tem o Alex Muralha na Seleção também, que é um goleiro de quem eu gosto bastante. É importante ter vários jogadores nessa posição que possam ajudar a Seleção a crescer.

Fora da seleção brasileira hoje

Acho que todo jogador pensa em estar na seleção do seu país. Mas a gente tem que respeitar a opção do treinador e o momento dos outros goleiros. Hoje o Brasil tem um leque de goleiros bastante importante. O Alisson está iniciando agora sua trajetória na Europa e está cumprindo muito bem seu papel na Seleção. O Alex também está em uma temporada espetacular. O próprio Weverton defendeu pênalti (na final olímpica). Então, a gente tem que respeitar a opinião e seguir o trabalho. A única maneira de você poder ter esse reconhecimento é seguir o trabalho da mesma maneira. O Tite é um grande treinador, também tenho ótima relação com o Taffarel. Não fico chateado de maneira alguma. Sigo meu trabalho, mas sempre com o objetivo de voltar à Seleção. Para mim é sempre um orgulho vestir a camisa da seleção brasileira.

Fonte: Ge