Polícias voltam para área de conflito entre índios e produtores em MS
Por Redação Publicado 15 de junho de 2016 às 13:02

Um índio morreu. Seis indígenas e três PMs ficaram feridos.
Clima é tenso em Caarapó; confronto ocorreu na terça-feira (14).

A Polícia Federal e a Polícia Militar (PM) retornaram na manhã desta quarta-feira (15) para aárea de conflito entre índios e produtores rurais, em uma fazenda de Caarapó, a 264 quilômetros de Campo Grande, região sul de Mato Grosso do Sul. Segundo o comandante da Polícia Militar (PM) do município, tenente-coronel Carlos Silva, a intenção é reaver três pistolas, uma arma longa e três coletes tomados pelos indígenas.

O conflito dessa terça-feira (14), terminou com o agente de saúde indígena Claudione Rodrigues Souza, de 26 anos, morto a tiros e outros seis índios feridos. Cinco estão no Hospital da Vida, em Dourados. A PM diz que após o confronto, indígenas pegaram armas dos policiais e os fizeram de reféns.

Caarapó conflito MS (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)“Eles [índios] já tinham acordado com a gente que iriam devolver. Mas, até agora, só entregaram um colete”, fala o oficial da PM. Ele explica ainda que o clima é tenso no local, porém, não foram registrados confrontos durante a noite, madrugada e pela manhã.

A PM e PF também estão na fazenda para garantir que não haja conflitos. Segundo o tenente-coronel, há no local cerca de 500 índios pintados e armados com pedaços de pau, de um total de aproximadamente 4,8 mil que vivem na região.

Até a publicação desta reportagem, tinham seguido para o local policiais federais e militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Departamento de Operações da Fronteira (DOF) e Grupo Especial Tático Motorizado (Getam).

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que a área está na Terra Indígena Dourados-Amambaipeguá. Conforme o órgão, ela é tradicionalmente ocupada e está em estudo para regularização fundiária.

Em nota publicada no Facebook, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) afirmou que homens armados chegaram em 60 camionetes e atiraram em cerca de mil indígenas, incluindo quatro agentes de saúde indígena, que estavam reunidos no território perto da aldeia Te’ Ýikuê. A Funai também afirma que os índios foram atacados.

Caarapó conflito MS (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

O comandante da PM do município informou que a fazenda foi ocupada por indígenas na segunda-feira (13).

Reféns
Após confronto dessa terça-feira, bombeiros foram chamados e pediram apoio da PM para ir até o local, mas, conforme Carlos Silva, os militares acabaram rendidos pelos indígenas por duas horas após o pneu da viatura furar. Eles tiveram as armas de fogo e coletes tomados, a viatura queimada e três sofreram ferimentos leves.

Ainda segundo o tenente-coronel, a equipe foi recebida a tiros e há suspeita de que índios paraguaios estejam entre os indígenas brasileiros. Até o momento, não há informações sobre as circunstâncias da morte do indígena,

Caarapó conflito MS (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)Viatura do Bope segue para fazenda onde teve
confronto (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

“Eles [índios] já tinham acordado com a gente que iriam devolver. Mas, até agora, só entregaram um colete”, fala o oficial da PM. Ele explica ainda que o clima é tenso no local, porém, não foram registrados confrontos durante a noite, madrugada e pela manhã.

A PM e PF também estão na fazenda para garantir que não haja conflitos. Segundo o tenente-coronel, há no local cerca de 500 índios pintados e armados com pedaços de pau, de um total de aproximadamente 4,8 mil que vivem na região.

Até a publicação desta reportagem, tinham seguido para o local policiais federais e militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Departamento de Operações da Fronteira (DOF) e Grupo Especial Tático Motorizado (Getam).

A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que a área está na Terra Indígena Dourados-Amambaipeguá. Conforme o órgão, ela é tradicionalmente ocupada e está em estudo para regularização fundiária.

Em nota publicada no Facebook, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) afirmou que homens armados chegaram em 60 camionetes e atiraram em cerca de mil indígenas, incluindo quatro agentes de saúde indígena, que estavam reunidos no território perto da aldeia Te’ Ýikuê. A Funai também afirma que os índios foram atacados.

Caarapó conflito MS (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

A PM e a Polícia Federal negociaram durante toda a tarde para a devolução de três armas que estavam com os policiais quando foram feitos reféns. Mas a negociação não avançou e a PF encerrou as tratativas por questão de segurança.

Em nota, a Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul (ABSSMS), seccional Dourados, repudiou “as ações de extrema violência contra a integridade física de policiais militares”.

Outras mortes
Em agosto de 2015, cerca de 80 indígenas ocuparam cinco fazendas vizinhas à aldeia em Antônio João (MS). Durante retomada feita por fazendeiros, os dois grupos entraram em confronto e um indígena foi encontrado morto perto de um córrego, dentro de uma das fazendas.

Em maio de 2013, confronto entre indígenas e policiais durante a reintegração de posse de uma fazenda ocupada em Sidrolândia, a 70 quilômetros de Campo Grande, deixou um índio morto e vários outros feridos.

Confira abaixo a nota da Funai na íntegra:

“A Funai vem a público lamentar a morte do agente de saúde indígena Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos, e a situação dos cinco indígenas adultos e de uma criança, todos feridos em estado grave em decorrência de ataque sofrido na Terra Indígena Dourados Amambaipeguá I.

A instituição manifesta sua solidariedade ao povo indígena Guarani Kaiowá e o compromisso de atuar na mobilização das autoridades de segurança objetivando a apuração de responsabilidades pelo óbito e pela lesão aos indígenas que se encontram feridos.

A instituição encontra-se, nesse momento, dialogando com o Ministério da Justiça, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal para uma intervenção imediata na contenção do conflito na região.

Os Guarani Kaiowá lutam há décadas pela regularização fundiária de seus territórios de ocupação tradicional, e a Funai condena toda e qualquer reação desproporcional embasada em atos de força e de violência contra o povo indígena.

Como órgão indigenista oficial do Estado brasileiro, acredita no diálogo, no respeito mútuo e na construção de um pacto governamental e social amplo para solucionar os problemas enfrentados por povos indígenas e produtores rurais no Cone Sul do estado do Mato Grosso do Sul.

Nesse sentido, vem trabalhando com o objetivo de garantir os direitos do povo Guarani Kaiowá e levá-los a superar as situações de conflito, de insegurança e de vulnerabilidade social que vivenciam no atual contexto de confinamento territorial e de permanente restrição de direitos aos seus modos de vida.”

Confira abaixo a nota da Sesai na íntegra:

“A Secretaria Especial de Saúde Indígena do ministério da Saúde (Sesai/MS) manifesta pesar aos familiares do agente de saúde indígena, Cloudione Rodrigues Souza, 26 anos, da etnia guarani-kaiowá, falecido nesta terça-feira (14/6), em decorrência de conflitos étnicos na região de Caarapó, em Mato Grosso do Sul.
O jovem agente foi morto covardemente, por homens armados que atiraram em cerca de mil indígenas, incluindo quatro agentes de saúde indígena, que estavam reunidos no território próximo a aldeia Te’ Ýikuê, quando foram surpreendidos por homens armados, em aproximadamente 60 veículos (camionetes).
Que Deus proteja e conforte todos os povos indígenas e familiares neste momento de dor. 

Rodrigo Rodrigues
Secretário Especial de Saúde Indígena
Ministério da Saúde”

Confira abaixo, na íntegra, a nota da Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares:

“A Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul (ABSSMS), seccional Dourados vem, por meio desta, repudiar completamente as ações de extrema violência contra a integridade física de policiais militares ocorridas esta tarde (14) na fazenda Ivu, município de Caarapó.
Por volta das 11h, uma viatura com três policiais militares, lotados em Caarapó, deslocou até a fazenda Ivu para apoiar uma equipe do Corpo de Bombeiros em socorro aos indígenas feridos no confronto, supostamente, entre ameríndios e ruralistas.
Próximo a uma escola na aldeia indígena Te’ Ýikue a viatura policial militar foi cercada por um grupo de aproximadamente quinze indígenas. Eles renderam os três policiais militares e tomaram seus armamentos e munições. Os militares foram algemados e colocados deitados com o rosto voltados para o solo.
Segundo o relato de um dos militares, todos foram torturados com socos, chutes e pauladas. A viatura policial foi depredada pelo grupo de, aproximadamente, cinquenta indígenas.
A situação foi contornada com a chegada de um pastor evangélico que atua na reserva indígena e que interviu em favor dos policiais militares, que ficaram em poder dos índios por cerca de duas horas. Eles foram transportados pelos Bombeiros para atendimento médico e não correm risco de morte.
A ABSSMS, através de sua Comissão de Direitos Humanos cobrará do poder judiciário a responsabilização dos culpados, bem como prestará todo o apoio necessário aos policiais militares vítimas desse crime.

Assecom ABSSMS/Dourados”

Fonte: G1 MS