Deborah Blando grava novo clipe: "Nossa vida é um caminho de superação"
Por Redação Publicado 5 de maio de 2016 às 10:01

Cantora fala sobre retomada profissional e período que passou longe dos holofotes. Na entrevista, ela admite que passou por fase de “dor na alma” e mostra fôlego novo para recomeço

Deborah Blando, 47 anos, está de volta após um período de reclusão. QUEMacompanhou a gravação de seu novo clipe, Belong, realizada em uma casa noturna da cidade de São Paulo. Nascida na Itália, mas vivendo no Brasil desde a infância, a cantora gravou em inglês por ser o idioma que considera ter mais facilidade para compor e cantar.

Nos bastidores do clipe, ela lembrou das palavras de Pelé – que explicou a ela a importância de separar a pessoa pública da privada. “Antes, eu não me sentia no direito de não atender a um fã por estar dor de cabeça. A Deborah foi engolida pela Deborah Blando. Por isso, eu senti a necessidade de parar.”

Solteira, ela afirma estar feliz por ter encontrado sua “paz interior”. “Nossa vida é um caminho de superação. Minha grande superação foi encontrar o equilíbrio dentro de mim.”

QUEM: Você lança o clipe Belong, sua retomada. Animada com o projeto?
DEBORAH BLANDO:
Belong é uma música toda em inglês. É o idioma que tenho mais facilidade em compor e cantar. Minha língua mãe é o italiano. Cheguei ao Brasil de 4 para 5 anos.

QUEM: Enfrentou dificuldades ao mudar para o Brasil?
D.B.:
Vou te falar a real. Sim, eu tive dificuldade quando cheguei no Brasil. Achava que as pessoas fossem fanhas (risos). É vergonhoso falar isso, mas é uma diferença de som. Me mudei para o Rio, onde morei por quase dói anos. Eu chorava. Achava que nunca fosse aprender português. Lá, além do som nasal, tem muito chiado, o fonema do “x”.

QUEM: Nunca pensou em uma profissão que não fosse a de cantora?
D.B.:
Quando me mudei para cá, já era cantora – pelo menos na minha cabeça. Tinha só 5 anos, mas já tinha ganhado o Festival de San Remo. Quando era criança, quis ser veterinária. Mais tarde, com uns 18, pensei em estudar psicologia e psicanálise. Só que a música era muito forte na minha vida. Pensava e respirava música em todo momento. No período que fiquei fora mídia, fui estudar. Estudei a filosofia do budismo que é muito profunda. Não adianta ficar só no intelecto é preciso vivenciar. Por isso, fiz retiros budistas.

QUEM: No período em que saiu da mídia, tinha vontade de voltar?
D.B.:
Tinha uma fase que não. Comecei nova. Com 3 anos, dizia: “Sou cantora”. É minha profissão desde que me conheço como gente. Queria conhecer a mim mesma, ver se era isso que eu queria para mim. Justin Bieber, Britney Spears e Michael Jackson também começaram cedo… Conheci o Pelé em 1991 e ele me impressionou ao falar do Pelé em terceira pessoa. Ele me explicou que eu estava conversando com o Edson, mas que quem cumpria a agenda de compromissos profissionais era o Pelé.

QUEM: Foi uma espécie de ensinamento, então?
D.B.:
Não foi um ensinamento, mas aprendi a visualizar a diferença. Fiquei com isso na cabeça. Uma coisa é a Deborah Blando, a artista; outra, sou eu. Antes, eu não me sentia no direito de não atender a um fã por estar dor de cabeça. A Deborah foi engolida pela Deborah Blando. Por isso, eu senti a necessidade de parar. Foi quando falei: “Chega! Quero parar! Quero levar uma vida normal, sair às ruas e ir à praia”. Quis ver como era minha vida sem ser artista, mas percebi quer não dá para falar para um passarinho deixar de cantar. É da natureza.  Tem uma hora que é necessário ‘take time for yourself’. É o tempo para você. E faço isso com certa regularidade: eu paro e fico um mês em retiro no templo budista. Pelo menos uma vez por ano, passo um mês nos Alpes, na Suíça.

QUEM: Em algum momento existiu um período de depressão?
D.B.:
Eu chamaria de dor na alma. Todo mundo passa por isso em algum momento. Eu tive fama, dinheiro e beleza, mas não estava completamente satisfeita. Por quê? Porque eu não estava em paz. Não existe felicidade externa. As condições externas ajudam. Quando você tem muito dinheiro, você fica na dúvida de ter amigo verdadeiros, por exemplo. Sempre fui muito verdadeira e sensível. Não sou personagem. Quis encontrar minha felicidade interna. Encontrei a paz interior e, com ela, a felicidade veio em abundância. A felicidade é completamente baseada na paz anterior. Com angústia não há paz.

QUEM: Considera importante estar cercada de pessoas que trazem paz?
D.B.:
Nosso meio é de muita futilidade e de ego exacerbado. Parece que existe uma cultura de superimportância. Você tem que perceber que só mais um. O sofrimento vem quando você se acha muito importante e o centro das atenções.

QUEM: Acredita ter passado por uma superação?
D.B.:
Sempre. Nossa vida é um caminho de superação. Minha grande superação foi encontrar o equilíbrio dentro de mim.

QUEM: Qual foi a fase mais difícil que enfrentou?
D.B.:
Na época de Innocence, quando não conseguia andar na rua, ao shopping…

QUEM: Você tem 47 anos. Já passou por alguma crise de idade?
D.B.:
O corpo não começa a fazer tudo o que você quer. Você não consegue mais virar noites. É chato. Mas, nos retiros, sempre encontro um caminho para as minhas frustrações. Uso minhas frustrações e adversidades a meu favor.

QUEM: Que tipo de frustração já enfrentou? É relacionada à vida pessoal ou profissional?
D.B.:
É da vida pessoal. Como foquei na vida profissional por muito tempo, fiquei sem vida pessoal. E, depois, foi o contrário. Fiquei em desequilíbrio.

QUEM: Tinha sonhos românticos, como casar e ter filhos?
D.B.:
Tinha esse sonho. Hoje, tenho três filhos caninos e não faz a menor diferença. Em outras vida, devo ter sido um animal.

QUEM: Está solteira atualmente?
D.B.:
Estou solteira.

QUEM: À procura de um novo amor?
D.B.:
Não. Meu caminho está legal assim. Se aparecer alguém,teria que alguém que falasse a minha mesma língua espiritual.

QUEM: Você já teve alguma fase de insegurança?
D.B.:
Tive. A vida inteira. Qual artista que não é insegura? Todas são. Sabe por quê? Porque as pessoas se cobram muito. Sou insegura como pessoa, mas não sou insegura profissionalmente.

QUEM: As pessoas – até mesmo pelas redes sociais – falam de você com carinho, dizem que você é uma doidinha. Por que acha que tem essa imagem?
D.B.:
Não tenho nada de porra louca. As pessoas até me acham maluquinha, mas sou muito centrada e budista de verdade. Sou siciliana, falo alto e gesticulo, mas se você for para Sicília você vai ver que sou normal.

QUEM: Se preocupa com a vaidade, em estar sempre diva?
D.B.:
Tenho preocupação com o visual. Não sou superconsumista. Antes, comprava muitos sapatos e não usava um.

QUEM: Budismo ajudou a te livrar desse vício por compras?
D.B.:
O consumismo não era um vício, não tenho vícios. O consumismo era mais uma questão de mulher mesmo.

Fonte: Quem