
O câmbio desvalorizado frente ao dólar tem sido favorável ao produto sul-americano em um momento de forte redução na oferta de grandes concorrentes nos mercados externos, como Estados Unidos e Austrália
A Minerva Foods, segunda maior exportadora de carne bovina do Brasil, está otimista quanto à competitividade da carne brasileira e de outros países da América do Sul nos mercados internacionais em 2016, segundo o presidente da companhia, Fernando Galletti de Queiroz, em teleconferência com analistas na quarta-feira (9).
O câmbio desvalorizado frente ao dólar tem sido favorável ao produto sul-americano em um momento de forte redução na oferta de grandes concorrentes nos mercados externos, como Estados Unidos e Austrália.
“Temos destacado a redução do rebanho de EUA e Austrália e as chances de exportadores da América do Sul conquistarem os mercados destes players”, disse Queiroz. “Para o ano de 2016, a tendência segue positiva.”
A abertura de mercado da Arábia Saudita à carne bovina brasileira e a expectativa de abertura do mercado dos EUA ao produto também colaboram para as perspectivas positivas deste ano. Queiroz disse que outros países da América do Sul onde a empresa tem operações também estão conquistando aberturas de mercados.
O desequilíbrio entre oferta e demanda por carne bovina no mundo e a desvalorização de moedas frente ao dólar têm conferido aos exportadores da América do Sul um poder maior de precificação, segundo Queiroz.
A Minerva, que adquiriu o frigorífico colombiano Red Cárnica no ano passado, está agora interessada em expandir operações na Argentina.
Queiroz disse que, gradualmente, a Colômbia vai se tornar um player mundial importante no mercado de carne bovina e, no caso da Argentina, a empresa avalia oportunidades para crescimento. A Minerva avalia oportunidades como aquisições, arrendamento de unidades, entre outras, para ingressar no mercado argentino, segundo executivos da empresa.
“Optamos por não estar na Argentina anteriormente pelo ambiente político”, disse Queiroz. “A Argentina passa a ser uma oportunidade a estudar.”
Sem redução de atividades
Queiroz disse que a Minerva não planeja suspensão de atividades em suas unidades de abate neste ano. “Não avaliamos reduzir as atividades em nenhuma operação do Minerva. Mantemos estável, como temos anunciado, e algumas operações estão em ramp up, como é o caso da Colômbia”, disse.
O setor enfrenta baixa oferta de gado pronto para abate desde 2014 e, em 2015, dezenas de frigoríficos brasileiros paralisaram atividades diante da alta do preço da matéria-prima, enquanto o mercado interno reduziu a demanda por carne bovina.
Alguns analistas esperam que o cenário de oferta de gado comece a melhorar em 2016 mas, nesta semana, a JBS anunciou férias coletivas para funcionários de cinco de seus frigoríficos, por 20 dias, para ajustar os estoques às condições de mercado.
Queiroz disse que o Brasil está vendo uma mudança no ciclo da pecuária neste ano, com a alta do preço dos grãos diminuindo a rentabilidade de confinamentos e chuvas favoráveis incentivando maior concentração na produção de gado em pasto. A partir de maio e junho, o executivo espera uma safra “mais pronunciada”.
A Minerva anunciou na noite de terça-feira (8) que teve lucro líquido de R$ 66,5 milhões no quarto trimestre de 2015, revertendo prejuízo de R$ 312 milhões no mesmo período de 2014. No ano de 2015, como um todo, a empresa teve prejuízo líquido de R$ 800 milhões.
Fonte: Portal do Agronegócios