
Sem apitar desde o clássico realizado em Itaquera, pela 27ª rodada do Brasileirão, Flávio Guerra afirma ter mais receio do campo do que no trabalho na Fundação Casa
Uma decisão errada pode mudar sua vida. A frase simples pode ser aplicada em diferentes situações do dia a dia e nas mais variadas profissões. Para o caso dos árbitros de futebol no Brasil, únicos elementos na engrenagem milionária do esporte mais popular do país que não são profissionalizados, o decreto se concretiza a cada rodada. Centro das atenções após a vitória de 2 a 0 do Corinthians sobre o Santos, na 27ª rodada, no dia 20 de setembro, Flávio Guerra não apita nenhum jogo da série A desde o clássico, que teve como foco a expulsão de David Braz e a justificativa do árbitro na súmula.
– Acho que esse último clássico foi bem estressante. Foi um dos piores jogos da minha carreira, em termos de estresse, principalmente após o jogo. Não temos o direito de errar nunca e até, por isso, que o árbitro tem que ter uma outra atividade. Todo o jogo, não pode ter falha. Se acontecer, o árbitro é punido, é afastado. Eu tenho mais receio no campo porque o torcedor não pensa – disse o árbitro, que comparou os momentos tensos durante a partida com sua profissão de diretor de unidade da Fundação Casa, que cuida de menores, em Campinas.
Sem ter sido punido oficialmente pela CBF pela confusão envolvendo a expulsão de David Braz e a súmula do jogo Corinthians x Santos, Flávio Guerra não sabe se voltará a apitar um jogo da série A nesta reta final de Campeonato Brasileiro.
O árbitro reclama do excesso de pressão que sofre para comandar a partida quando, na verdade, todo processo de preparação acontece de maneira solitária.
– A gente toma decisões preventivas para não perder o controle do jogo, às vezes. O árbitro é só ele e Deus. Tem que treinar sozinho, estudar sozinho, se machucar, tem que ir ao médico sozinho, as pessoas não têm ideia. Às vezes, você fica fazendo gelo sozinho na sua casa, na clínica e só a sua família sabe o que você passa para conseguir ir ao campo e fazer um bom jogo. O árbitro de futebol é um ser humano como qualquer outro – comentou Flávio Guerra.
Fonte: Ge