”A inovação precisa estar presente em todas as dimensões de um negócio ”
Por Redação Publicado 31 de julho de 2015 às 13:51

Caminhos para o Futuro adianta as ideias que serão apresentadas e debatidas no evento mais importante do ano sobre sustentabilidade nas corporações
 

O argentino Pedro Tarak é advogado, cofundador e presidente do Sistema B ,movimento global que tem como objetivo identificar empresas que resolvam problemas sociais e ambientais a partir de seus produtos ou serviços.

Especialista em política e direito comparado e internacional ambiental pela Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, Tarak já atuou como consultor internacional de instituições como OEA (Organização dos Estados Americanos), PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e Banco Mundial, entre outras.

Segundo Tarak, a inovação de uma empresa não depende apenas de um produto ou do seu viés tecnológico. Para ele, é essencial que empreendedores revisem o modelo de negócio se desejam ter um impacto social e ambiental positivo.

Nesta entrevista ao Caminhos para o Futuro, Tarak fala sobre o papel do empreendedor, a importância da inovação e as tendências que norteiam o futuro das relações entre consumidores e empresas.

Essas e outras ideias serão apresentadas e debatidas com outros especialistas no evento Sustainable Brands, que acontece no Brasil de 25 a 27 de agosto.

1. Qual o papel dos empreendedores para promover uma economia mais sustentável?
Um empreendedor contemporâneo precisa ser sensível a todas as dimensões da realidade e para todos os tipos de partes interessadas, tanto na estratégia e nas boas práticas quanto na sua governança e estrutura organizacional.

Eles são os inovadores da economia em relação as necessidades sociais e ambientais de longo prazo em seus modelos de negócios, com melhorias gerais de colaboradores, da comunidade onde eles impactam, os consumidores e cadeias de valor. Além disso, suas necessidades econômicas e financeiras também devem ser cumpridas.

2. Como as marcas podem ajudar a solucionar problemas sociais e ambientais?
Marcas devem continuar a satisfazer as necessidades do mercado, mas ao mesmo tempo, devem permitir que todas as partes interessadas, incluindo os consumidores, façam parte de desafios sociais e ambientais que elas próprias decidiram perseguir. Desta forma, as marcas podem ser “parte de soluções sociais e ambientais”, e não apenas atenuar o seu impacto negativo.

Para fazer isso, elas podem adicionar à sua declaração de missão estatutária um propósito social para além de uma atividade de produção de bens ou serviços. E fazer com que isso esteja presente em todas as dimensões do negócio.

3. Empreendedores sabem da importância da inovação. Quais são as suas recomendações para quem deseja ter um negócio realmente inovador?
Vá além de inovações tecnológicas e revise os modelos de negócios para que a igualdade social e a melhoria do meio ambiente tornem-se uma parte natural da empresa. Faça parte da transição de energia para as energias renováveis e do abandono progressivo dos combustíveis fósseis. Faça parte do setor econômico de waste-resource (desperdício-recurso em tradução literal) o mais rápido possível e use TI como uma ferramenta para todos e não para seu próprio bem.

4. Para você, quais são os principais erros que empresários cometem ao tentar pensar fora da caixa?
Esquecer que ainda é preciso ser sensível às necessidades atuais do mercado. Confundir foco fragmentado com enfoque sistêmico, que inclui a integração de políticas econômicas, social e ambiental da criação de valor como parte do negócio. Em outras palavras, você não precisa ser fragmentado para ser focado! Outro exemplo é limitar a inovação à estratégia e boas práticas sem inovar estruturas de governança legais. Em caso de mudanças de gestão, isso bloqueia e protege a missão social em longo prazo.

5. Alguns consumidores optam por marcas que têm um discurso sustentável. No futuro, como os consumidores poderão ajudar as empresas nesse processo?
Os consumidores dão um voto todos os dias para os bens e serviços que adquirem além da qualidade e do preço. Se eles descobrem o que mais as marcas oferecem à sociedade para além de uma “boa prática”, eles podem escolher determinada marca por causa do valor agregado para o mundo.

Se pagar um preço pode satisfazer tanto uma necessidade de mercado quanto uma solução social, o consumidor do futuro vai escolher essa marca pelo mesmo preço e pela mesma qualidade. Isso já é uma possibilidade com muitos B Corps na América do Sul. É o caminho para o futuro.

Sustainable Brands é uma rede global de conferências e tem como objetivo mobilizar empresas por meio de casos concretos de inovação. As conferências acontecem em vários lugares como Londres, Barcelona, Kuala Lumpur, e reúnem especialistas, palestrantes e líderes de empresariais.

No Brasil, a Sustainable Brands Rio 2015 acontecerá de 25 a 27 de agosto, no Rio de Janeiro. O tema global é o conceito “How Now”: como a inovação em sustentabilidade está transformando os negócios agora.

Aqui, o evento é organizado pela Report Sustentabilidade, em parceria com a Sustainable Life Media e uma rede de apoiadores e patrocinadores no Brasil e no exterior.

 Fonte: Época Negócios