Doze famílias passaram a cultivar sem agrotóxicos e adubo químico.
Os próprios agricultores vendem a produção, eliminando atravessadores.
Um projeto de produção orgânica de hortaliças tem mudado a realidade dos agricultores do assentamento Agroana, em Poconé, a 104 km de Cuiabá. Criado há pouco mais de um ano, o projeto-piloto hoje atende ali 12 famílias que deixaram de usar agrotóxicos e adubo químico no cultivo das plantas.
Para isso, os agricultores tiveram que se adaptar à nova realidade de cultivo, que Ivo José Roos considera mais vantajoso. Ele conta que no sistema convencional de cultivo, que era praticado antes do projeto, os agrotóxicos e adubos eram um gasto a mais, o que espremia a margem de lucro. Além disso, ele conta que sempre se preocupava com a saúde, dos produtores e consumidores.
“Tinha que passar veneno e sempre vinha um pouco no rosto da gente, sempre vivia preocupado com isso e passava veneno sabendo que aquele alimento ia direto na boca do consumidor. Ficávamos preocupados se ia fazer mal”, comenta em reportagem da TV Centro América.
A área de plantio é de 3 hectares e cada produtor tem 2,5 mil metros quadrados para produção. O solo é enriquecido com adubo orgânico e até as ervas daninhas são bem-vindas, pois atraem pragas e impedem que elas cheguem até as verduras. Outra medida adotada é o uso de biofertilizantes e caldas de produtos naturais.
Segundo Moisés Anjos dos Santos, agricultor, da forma como eram cultivados antigamente, o pimentão e o tomate eram os campeões em uso de agrotóxicos. “Não havia outra forma até então se não fosse a base de adubo químico e agrotóxico. E hoje a gente produz de forma orgânica com produto de qualidade”, diz.
A agricultora Odeti de Souza participa do projeto desde o início e se mostra satisfeita com a nova maneira de produzir os alimentos. “É muito gratificante de você plantar um produto e saber que você, além de se alimentar com ele, que não tem veneno, você ainda levar para a feira para vender”, afirma.
A ideia de criar o projeto, realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso(UFMT), veio do mestrando em Economia na universidade, Jonas Benevides Correia. Ele conta que o projeto até já ganhou um prêmio e o dinheiro ganho foi investido na horta.
“O projeto consiste de um trabalho multidisciplinar que acabou envolvendo alunos e professores de vários cursos e oferecemos apoio técnico para os agricultores, juntando com o conhecimento que eles têm, mas o principal é mudar a forma de ver a produção, que antes era convencional, para a produção orgânica”, explica.
Os produtos orgânicos do assentamento são vendidos às sextas-feiras na Ecofeira, realizada na guarita do campus. Todo o dinheiro da venda dos alimentos fica com os produtores e isso também mudou com o projeto. “Antes aqui o atravessador adquiria a caixa entre R$ 15 a R$ 25 reais. Na primeira feira, o preço das caixas vendidas foi de R$ 96, então é uma diferença muito grande, sendo que 100% da renda vai para o cooperado”, ressalta Armando Tafner, economista e integrante do projeto.
Depois de colhidos, os alimentos são pesados e recebem etiquetas. Tudo é anotado e fica como um registro do que está dando. Agora os produtores querem mais. O próximo passo é conseguir um selo de certificação de produto orgânico e, com isso, aumentar a produção. “Dá para plantar, ter saúde e saber que o consumidor que está do outro lado vai ter saúde também que o que ele vai comer é 100% limpo”, destaca Jonas Benevides Correia, o criador do projeto.
Fonte:Amanda SampaioDo G1 MT