Ginástica artística brasileira consegue cinco medalhas em Toronto – uma a menos que em 2011. Equipes sobem no pódio, e Caio Souza consegue o bronze no salto
A ginástica artística brasileira se despede de Toronto com cinco pódios nos Jogos Pan-Americanos. Com o discurso voltado sempre para as equipes, o resultado foi dentro do esperado – mesmo com uma medalha a menos do que em Guadalajara 2011. A fila de conquistas é liderada pelo campeão olímpico e mundial Arthur Zanetti. O ouro nas argolas fechou seu quadro de metas pessoais. Agora, não falta mais nada. O brasileiro conquistou a nota mais alta da classificatória (15.800) e sacramentou o título com um 15.725.
Mas engana-se quem acha que as argolas foram o único e principal objetivo do ginasta na competição. Zanetti também se apresentou em séries de salto e solo. Antes mesmo de desembarcar no Canadá, o campeão olímpico ressaltou a importância de usar a disputa como preparação para a equipe masculina, que busca uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2016. Com esse objetivo traçado, Arthur Zanetti garante que nem ele tem vaga garantida e que precisa estar sempre somando. E o fez. Ajudou o time a conquistar a medalha de prata em Toronto, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (que veio com sua equipe principal). O time também contava com Caio Souza, Francisco Barreto, Arthur Nory e Lucas Bitencourt.
– Meu objetivo muda, agora é sempre pensando em ter um melhor resultado por equipes, por isso minha motivação de hoje. É pensar na equipe para ter um bom resultado – disse Zanetti, após suas medalhas.
O carisma de Flávia
Um sorriso largo e um carisma impressionante foram destaque do Brasil nas competições femininas de ginástica. Com 1,33m, a brasileira Flávia Saraiva encantou o público no Canadá. Se acertava, era aplaudida. Se cometia algum erro, era ainda mais aplaudida. A atleta só não ganhou mais apoio do que as ginastas anfitriãs. Na final do individual geral (prova que reúne os quatro aparelhos), conquistou a medalha de bronze para o país. Na ocasião, a jovem de 15 anos reconheceu que é, de fato, carismática.
Flavinha também foi fundamental para o Brasil na disputa por equipes, sobretudo por suas pontuações no solo e na trave. Ao lado de Daniele Hypolito, Julie Kim, Letícia Costa e Lorrane Oliveira, conquistou a medalha de bronze para o time. Perderam para americanas e canadenses. Aos 30, a experiente Dani ainda se classificou para finais de solo e salto. A brasileira com mais medalhas em Pans se despediu da competição com sensação de dever cumprido. Seu plano é disputar os Jogos Olímpicos de 2016 e, posteriormente, fazer uma despedida oficial em um evento que poderá reunir todos os ginastas de sua época, como Daiane dos Santos.
– Minha despedida vai ser muito bonita, um pouco depois das Olimpíadas. Quero que as pessoas vejam uma história sendo encerrada. Quero fazer uma apresentação, quem topar estar junto, para ajudar, é bem-vindo. Vou convidar atletas de fora, uma pequena apresentação para encerrar minha carreira com algo que todo mundo se lembre com muito carinho – disse Dani.
A pequena Flávia Saraiva teve mais duas chances de subir ao pódio. No entanto, erros e quedas nas finais da trave e do solo a deixaram sem mais medalhas. Mesmo assim, diz ter deixado o Canadá feliz e ainda mais preparada para os novos desafios em competições adultas. Entre os homens, todos se classificaram para alguma final. Mas coube ao jovem Caio Souza, de 21 anos, ganhar mais uma medalha para o Brasil, no salto.
– Eu saio daqui mais preparada, concentrada para as próximas competições. Agora é treinar para competir bem – diz Flavinha.
O próximo – e importante – desafio dos ginastas do Brasil será o Mundial de Glasgow, na Escócia. O Mundial será a primeira oportunidade das equipes de se classificarem para os Jogos Olímpicos do Rio 2016.
Comparação com Guadalajara 2011:
O resultado da ginástica, analisando em números, foi abaixo do conquistado na última edição dos Jogos Pan-Americanos. Na ocasião, foram seis medalhas no total. Sendo três ouros: equipe masculina, solo e salto – ambos com Diego Hypolito. Há quatro anos, Arthur Zanetti havia levado a prata, e Dani Hypolito dois bronzes (solo e trave).
Fonte: Globo Esporte