
Taffarel e Mauro Silva falaram com os jornalistas em Santiago no início da tarde desta quinta-feira. Em entrevista coletiva, o preparador de goleiros e o auxiliar de Dunga responderam sobre o ambiente da seleção brasileira, a troca de experiências com os jogadores, a fase decisiva que se aproxima e Neymar. A participação relâmpago do craque na Copa América ainda é tema no Chile.
Taffarel contou o que viu do polêmico episódio que resultou na suspensão da Conmebol e tirou o jogador da Copa América. O tetracampeão lembrou que após a partida, tentava ficar com uma das bolas do jogo contra a Colômbia como recordação, quando percebeu a confusão no campo. O Brasil perdeu por 1 a 0.
– Quando o Neymar começou a ir para o vestiário, também fui. Tinha muitas pessoas da comissão, seguranças, o Fernando, nosso segurança, que é grande, grande. Todo mundo tentando levar para o vestiário. Não foram um ou dois. Ele disse que queria falar com o árbitro. “Só vou falar com ele”, ele disse. Mas não percebi ele alterado. A partir do momento que não consegui, fui para o vestiário. A partir dali, não vi mais nada. Eu presenciei muita gente tentando levar, puxando, falando, mas aquela foi uma decisão dele. Não sei o que aconteceu mais – explicou Taffarel.

Também tetracampeão, o auxiliar Mauro Silva preferiu não falar sobre o assunto. Disse que o debate ocorreu internamente.
– Em determinados momentos, tenho que levar para o Gilmar (coordenador de seleções), para o Dunga, a minha análise aqui. Mas não cabe a mim analisar o Neymar aqui (na coletiva). A comissão pode fazer isso. Tenho minha opinião, devo passar internamente. Não posso expor aqui – afirmou.
A Conmebol suspendeu Neymar por quatro jogos. Após o apito final do chileno Enrique Osses, ele agrediu o zagueiro Murillo com uma cabeçada, mas o que agravou sua situação foi o fato de ter esperado pelo árbitro no túnel que dá acesso ao vestiário. Houve insultos e, de acordo com um relatório do delegado da partida, não considerado no julgamento, Neymar chegou a puxar a manga da camisa de Osses enquanto o xingava.
O Brasil joga pelas quartas de final da Copa América no próximo sábado, em Concepción, contra o Paraguai. A partida será às 18h30 (de Brasília). A TV Globo, o SporTV e o GloboEsporte.com transmitem. O site também detalha tudo em Tempo Real. O pré-jogo começa às 17h30.

Veja abaixo outras declarações da dupla na coletiva
MAURO SILVA
O que espera da fase decisiva da Copa América?
O Brasil ficou de 49 até 89 sem vencer a Copa América. Demonstra que é uma competição forte, de rivalidade. Acho que é importante o árbitro saber disso e conduzir bem os jogos. Tem que proteger o talento, tranquilizar o jogo. É o que a gente espera numa competição como essa. Jogadores com talento, técnicos, têm que ser protegidos. Continuamos esperando que os árbitros possam proteger os jogadores.
Brasil x Paraguai
O nível da competição é equilibrado, difícil. Temos de estar preparados, o Paraguai é difícil. Vai ser complicado para o Brasil. É importante ter segurança competitiva, tentar não sofrer gols. O Brasil tem potencial, apesar de o Neymar não estar, mostrou com Firmino e com o Coutinho que pode ter inspiração. A gente vai fazer o possível para superar e passar para a próxima fase.

Dupla de volantes
Fernandinho e Elias são muito versáteis. As comparações não me agradam. São jogadores que têm chegada. Fernandinho já foi segundo volante também. Fazem o trabalho defensivo e chegam bem. Uma dupla interessante, me agrada muito.
Comportamento do grupo
Não falta atitude. Serve para entender como é a Copa América. A Liga dos Campeões é mais tranquila. Chega aqui com outra cabeça e encontra um panorama distinto. A preparação vai ajudar bastante. Acaba sendo uma preparação para as eliminatórias.
Momento difícil do futebol brasileiro
O Brasil, apesar das dificuldades, tem jogadores que brilham na Europa. O Brasil continua sendo uma seleção que revela, de grande potencial, as dificuldades são grandes. O futebol está mais equilibrado. Mas o Brasil continua sendo um grande time, existe o respeito.
TAFFAREL
Bola aérea
Com certeza vamos trabalhar. Estamos com a análise toda do Paraguai. O ponto forte do Paraguai é a bola alta. Tem jogadores que quando vão para área são perigosos. Temos zagueiros bons na bola alta. E o Jefferson vai fazer um trabalho justamente por isso. Na última partida, vi o Jefferson solto na saída de bola alta, mesmo que não seja para pegar firme, ajuda muito a defesa. Vejo um bom entrosamento. Ele vai ter que sair em todas para aliviar.
Ausência do Neymar
Dunga também não era capitão em 1994 (Raí começou a campanha como capitão). Tudo é aprendizado, você vai aprendendo aos poucos. Nunca foi fácil. Antes de chegar ao tetra, foi uma dificuldade grande. Tomamos até ovo na cabeça na Bahia (durante a Copa América de 1989). Havia desconfiança, o grupo não estava fechado. A gente vê essa vontade nos jogadores de se unirem, de fazerem o melhor. Eles estão carregando esse peso. Esse grupo merece respeito acima de tudo, mas não se resume a Neymar. Como tivemos Careca, Romário, Ronaldo. Sempre vai ter um nome, mas a Seleção é um grupo. Eles sabem disso. Gostam de contar com o Neymar, mas quando o Neymar não está eles não estão com medo. Esse jogo vai mostrar que o Brasil se prepara para algo importante. Nosso próximo desafio é o Paraguai.
Brasil no caminho certo?
O Neymar deve estar de férias lá, pegando um solzinho, acompanhando, torcendo muito. O grupo está focado, sabendo da dificuldade que tem pela frente. Nada foi fácil. O grupo não vai amarelar, tudo pode acontecer. Na hora que apitar, vão estar conscientes que temos de estar determinados. Uma coisa importante é ter paciência. São jogadores jovens, mas com uma experiência grande.

Santiago, Chile