A desinformação alimenta o golpe que governo dará na Reforma da Previdência
Por Ariel Moreira Publicado 10 de abril de 2017 às 10:20

Parece pouco

O atual valor estabelecido para o salário mínimo pode parecer pouco, e é, efetivamente. Mas chega a ser o grande sonho para 13,5 milhões de desempregados. O governo joga com isso, mesmo porque a maior parte dos recebedores pertence aos quadros dos servidores municipais dos 5.570 municípios do Brasil. Essa é a realidade que vai pautar o “rombo na previdência” que o governo apregoa? A inciativa privada entende que por estes valores não consegue mão de obra qualificada, portanto os valores são superiores.

“Pessoas com 60 anos ou mais somavam em 2013 o equivalente a 13% da população (Pnad/IBGE, 2013) e, segundo estimativas da OMS, os idosos serão 30% da população em 2050.”

Por essa perspectiva podemos entender que a quantidade de idosos não onera – no montante que se apregoa – os cofres da Previdência.

Reforma da Suíça para uma população de Bangladesh

O Executivo discorre sobre os problemas futuros que a previdência irá apresentar, o discutido “rombo orçamentário” e faz comparativo com outros países que enfrentaram, ou enfrentam, essa questão. No entanto o comparativo tem sido feito com países de primeiro mundo, tais como Alemanha, França, Inglaterra, Suíça, Suécia, Japão etc., que possuem população com longevidade superior à da população brasileira, salários e aposentadorias muito superiores e rede de assistência aos idosos que nem em sonhos alcançaremos num médio prazo.

Um comparativo simples, demonstra que o menor salário pago aos trabalhadores e aposentados em países desenvolvidos, ainda que economistas da linha ortodoxa insistam que alguns países paguem porcentagem abaixo de metade do valor dos salários recebidos durante o período ativo, são em muito superiores às aposentadorias dos trabalhadores brasileiros.

Estados Unidos: US$ 1,256.66 x 3,13 = R$ 3.933,00

França: € 1.337,70 x 3,32 = R$ 4.441,00

Trabalhar para viver ou viver para trabalhar?

Na França você tem uma carga horária semanal menor do que no Brasil, sete semanas de férias e um conceito de que o trabalho é para você viver.

Salário em outros países

No Japão, a média de salários na indústria é de 350.00 mil yenes, media R$ 7,482, na região de Campinas os salários giram em torno de pouco mais de R$ 1.600,00 para o mesmo tipo de serviço.

Fazendo contas

A população da Europa, pós década de 1940, apresentava a média de 1 filho por casal. Isso representa, em tese, que para trabalhador inserido no mercado de trabalho dois outros seriam beneficiados pela pensão ou aposentadoria.

No Brasil, a taxa média de crescimento passou ao patamar de 1,43 filhos por casal (na região sul/sudeste) apenas a partir da década de 1990, portanto, somando-se a isso o fato de que a longevidade da população europeia é superior à brasileira, as contas não fecham.

Competência para gerir o estado

Conforme apresentado pelo Portal Transparência, o grande fosso nas contas da Previdência é a inadimplência de uma série de empresas e prefeituras. Se não há capacidade de gestão, não se pode manter benefícios via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a essas empresas. No entanto, não é o que acontece.

Se a empresa não tem capacidade de gestão, que se imponha uma auditoria federal, estadual ou municipal nessas empresas; em caso de órgãos públicos, que se faça valer as leis pertinentes sem as constantes anistias.

Caminho mais fácil

Caminho mais fácil é penalizar a classe trabalhadora, retirando os poucos recursos para sanar a sangria causada por um conjunto de empresários e políticos mal intencionados, viciados na lei não escrita do “levar vantagem em tudo”.

Mudar sem alterar

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) diz que serão aceitas alterações no projeto contemplando os professores, policiais e outros. Não. Alterações no projeto significa que todos irão perder (a população) e alguns menos que os outros.

Vamos conversar

Vamos analisar o projeto, conversar, quando os três poderes (assim, em minúscula) exercerem suas reais funções e cobrarem os “sonegadores” que causam rombo na Previdência. Assim, depois de feitas as contas, vamos sentar e conversar sobre o rombo. Até lá, digníssimos representantes do povo (?), nos esqueçam, como é de praxe.